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sexta-feira, 4 de junho de 2010

That's what friends are for

Depois de muitas das conversas proporcionadas no passeio de ontem à tarde noite pela zona de Santa Cruz e Torres Vedras, com direito a jantar de alheira, apeteceu-me pôr aqui um post sobre os meus amigos... De facto, quando ontem conversava com o Tiago sobre a reacção de algumas pessoas, no círculo faculdade-seminário, à nossa presença, dada a nossa situação de ex-seminaristas, acabei por perceber a verdadeira utilidade dos amigos, que é, e digo-o o mais sinceramente possível, NENHUMA!
Se formos a ver, tal como ninguém escolhe o seu clube de futebol, é-se daquele e pronto, por vezes - quanto a mim quase sempre - a razão da "escolha" até seria mais ilógica do que lógica, também não se escolhe os amigos, e é só nesse sentido que tantas vezes eles acabam por ser um prolongamento da nossa família.
A família - óbvio -, não se escolhe, mas cada vez mais penso que os verdadeiros amigos também não. Se me puser a pensar naqueles que são os meus verdadeiros amigos (sim, vou citar nomes, tentando não me esquecer de ninguém, o que será uma missão hercúlea se não mesmo impossível - excluirei da lista as pessoas da família - pais, irmãos, que obviamente são meus amigos e de quem obviamente sou amigo, e Nosso Senhor, também por razões óbvias...) - o Valter, o Tiago, o João Paulo, o Paulo, o Duarte e o Duarte, o Ruben, o Diogo, o Artur, o Ivo, o Ramom, o meu padrinho, o Marco (de certeza me esqueci de alguém mas não quero ofender essa pessoa em particular!; sim, é só gente máscula que por aqui aparece, mas são ossos de um ofício de quem passa cinco anos no seminário e já antes tinha, manteve e continua a ter tanto jeito para lidar com o sexo feminino como um mudo para cantar o fado...), vejo que não há razão nenhuma que me faça chegar àquela amizade.
A razão da amizade é, quanto a mim, só o encontro. O único momento que consigo precisar numa relação de amizade é o encontro (e isto, sim, vale para Nosso Senhor, para a família, para cada um dos amigos): onde foi que conheci aquela pessoa. Depois, aquilo que me faz de facto ser amigo daquela pessoa é algo de que nunca me consigo lembrar. E é por isso que digo que a amizade, aquela verdadeira, tem a ver com a falta de interesse, não tem interesse. Só sou verdadeiramente amigo de alguém porque não preciso da pessoa para nada, mas mesmo assim ela faz-me falta, preocupo-me com ela e sinto-me bem quando estamos juntos (obviamente, no caso de Nosso Senhor e da minha família, seria presunção dizer que não preciso deles para nada, daí também o estatuto especial que lhes atribuí). As pessoas de que falei no primeiro parágrafo deixam de ser "amigas" porque verdadeiramente nunca o foram, percebo que para essa gente nunca passei de um instrumento para as suas necessidades práticas ou para a concretização da sua missão de ser o seminarista perfeito e santinho...
A verdadeira amizade tem muito de eros, não num sentido sexual mas de simples desejo, muito de filia, por isso digo que os amigos são como prolongamento da família, mas mesmo muito mais de agapé, amor (sim, amor aos amigos!) desinteressado! Era isso que dizia São Paulo em 1 Cor 13, 1-13...

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