blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

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terça-feira, 21 de junho de 2016

segunda-feira, 20 de junho de 2016

telephone

ríamos tanto
e trocávamos carinhos
e juras eternas
naquele telefonema
em que de súbito
se ouve o bater
de uma porta
e me transformo
em Beatriz

espero que,
ao menos,
ela seja tão linda
como tu
e que exista

deixaste de existir
em mim
quando escolheste
ser triste
com esse outro
que odeio
sem nunca ter visto
(dele conheço
só o bater da porta
e a ausência
de um beijo de boa noite)

sempre o teu nome

queria a arte e a coragem
para escrever versos
a falar da poesia
- é o que agora se faz -

mas não consigo
é demasiado difícil
pegar na caneta
e não pensar no teu cheiro,
riscar o papel
sem a memória
do teu sorriso
e dos teus olhos pequeninos,
desenhar as primeiras letras
sem lembrar outra vez
o teu abraço
e o calor das tuas mãos,
datar um poema
e passar ao seguinte
sem perceber
a falta que fazes aqui

ainda a infância

O teu Senhor,
como o teu pai,
só te pergunta,
quando regressas,
se esfolaste muito
os joelhos

sábado, 4 de junho de 2016

folhas caídas

já sei que o que digo em público
fica público.
ainda mais quando gravado
com o estilete implacável
das redes.
elevo, assim, um sentido
de coragem e inconsciência,
de especial força
para enfrentar opositores
e pedir perdão.

gun powder

um tiro não chegou.

na calada da noite
dois zagalotes
no crânio do poeta
põem o hotel
alvoroçado.

o quarto
agora silencioso,
a janela aberta,
uma cortina esvoaçante,
o revólver na camilha,
o branco dos lençóis
a confundir-se
com o sangue

jardins suspensos

desconheço ainda
o verso
que este poema
deixará por terminar

ideias gastas

resisto
a
desistir