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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Globalização e desporto

Mesmo rompendo, em parte, a promessa que tinha feito de não voltar a abordar temas desportivos neste blog enquanto continuar o Mundial, achei que, por causa dos comentários de racismo primário que se continuam a ouvir e ler, desde o facebook até aos programas de comentário desportivo, devia escrever este post (que segue o mesmo espírito deste, em que falo do tema partindo da homilia de Bento XVI no Terreiro do Paço).
De facto, a crítica que faço é ao facto de que, começo-me a aperceber, o desporto, e em particular o futebol, não tanto ao nível do que é a prática mas do que é a opinião das pessoas do meio, vive desligado da nova (ou não tão nova...) realidade do mundo globalizado...
Se nas várias áreas, desde a economia à política (menos), passando pela religião (muito menos), já se percebeu que estamos diante de um mundo globalizado, pensando as coisas a um nível macro, assumindo muitas missões como tarefa de todos, chamando para trabalhar os melhores, sem olhar ao Bilhete de Identidade (ou Cartão do cidadão, normalmente chamado de Cartão único devido ao resultado da sigla...) de cada um, no desporto, pelo menos quando se trata das selecções nacionais, parece que ainda não se percebeu isso...
Como dizia no início, desde as redes sociais (da net) aos programas televisivos de comentário desportivo, muito se ouve e lê de racismo e fascismo primários, ainda que encapotados (é só a mim que aquela conversa de «uma selecção portuguesa só de portugueses» soa a Hitler a falar de apuramento da raça?), a propósito das selecções nacionais. Essas pessoas ainda não entenderam que, num mundo globalizado, há circulação das pessoas pelo globo, quer num sentido - pessoas que saem dum determinado país para outro não perdendo, como referência, o país de origem -, quer noutro - pessoas que vão de um país para outro, adquirindo, pela maior variedade de razões, o segundo como referência. E que, no mundo de hoje, uma selecção desportiva deve ser construída com base nesses pressupostos, ou seja, por exemplo, a selecção portuguesa precisa de contar com os portugueses que nasceram no Congo, na Venezuela, na França, na Alemanha, e com os brasileiros que quiseram ser portugueses...

Um caso à parte, e que merecia um estudo da agência da ONU contra o racismo e a xenofobia, ou coisa do género, é o do Brasil, que é tratado com diferença quando se fala destes assuntos. Explico com exemplos concretos: Zidane é francês de origem argelina, Danny é português nascido na Venezuela, Gelson Fernandes é suíço de origem cabo verdiana, mas Cacau é um brasileiro naturalizado alemão, e Deco, Pepe e Liedson brasileiros naturalizados portugueses...

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