blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

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terça-feira, 30 de maio de 2017

fora de tempo

não vou ao cinema há mais de dez anos.
actores e actrizes, artistas de todo o mundo
conquistam lisboa aos lisboetas
e só conheço a madonna.
triste, demasiado triste ficar lá atrás,
ao mesmo tempo uma alegria
ou desconforto, só, a natureza
de ser na margem despovoada.
poucos dos meus amigos
conhecem a carta aos coríntios
de clemente de roma
e nunca leram os poemas
de juan de yepes, um homem silencioso.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

ensaio sobre a luz

Para o Manuel

era uma cegueira qualquer, isto,
uma vida feita na noite,
a esta hora custa menos
pensar na vida e ver que
em quarenta e dois anos
não tenho nada a que me agarrar,
uma mulher emprego filhos
um cão uma casa gado de criação
um quintal onde guardar o meu opel
uma companhia que me ouça chorar,
isto, está escuro, antes assim,
disfarça a minha tristeza,
não é bem tristeza, isto,
é uma solidão qualquer e dói,
dói muito e choro sozinho a noite toda.
quando os primeiros raios de sol
rasgam por entre os buraquinhos do estore
sento-me na cama e, apesar de tudo,
isto, sorrio. há-de haver um futuro qualquer,
uma luz, um dia iluminado,
para um pobre sozinho como eu.