blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

FRA

Nas minhas vastas pesquisas na wikipédia, até para auxiliar os leitores do blog a perceber melhor as coisas de que falo por aqui, encontrei um bonito artigo acerca da cultura da tradição académica (sobre esta, em geral, recomendo o blog do MATA (Movimento Anti-Tradição Académica), que vai bem de encontro à minha visão sobre o tema) que gostaria de partilhar. É só clicar aqui.

In vino veritas

Ou porque logo às oito da manhã já há pessoas com cheiro e aspecto de ébrios no metro!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Viva o Papa!

Em época de preparar a visita do Papa a Portugal (e não, não assumirei neste blog a posição semi-apologética de me pôr para aqui a respigar contra os que são contra a visita do Papa! - acho que na Igreja às vezes temos essa atitude que é um pouco mais própria de quem tem, e desculpem a expressão, "tesão do mijo"), gostaria de citar por aqui uma frase de João Bénard da Costa (que, bem vistas as coisas, e porque, de facto, o acaso não existe, surge no post que se segue à minha entrada sobre o Padre Tolentino...) que me sensibilizou.

"O Vigário de Cristo na Terra não é Cristo e sabe-o bem. Mas a ele lhe cabe ensinar, com o seu bastão, a arte de viver e de morrer, como a ele lhe cabe, com o seu cajado, amparar-nos no caminho, Pastor que também é, desde que Cristo disse a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas”. De Pedro é Bento XVI o sucessor."

(artigo encontra-se aqui)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Além de bom professor é um grande poeta!


Sobre um improviso de John Coltrane

Ainda espero o amor
como no ringue o lutador caído
espera a sala vazia
primeiro vive-se e não se pensa em nada
não me digam a mim
com o tempo apenas se consegue
chegar aos degraus da frente:
é difícil
é cada vez mais difícil entrar em casa
não discuto o que fizeram de nós estes anos
a verdade é de outra importância
mas hoje anuncio que me despeço
à procura de um país de árvores
e ainda se me deixo ficar
um pouco além do razoável
não ouvem? O amor é um cordeiro
que grita abraçado à minha canção

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pedofilia na Igreja - mais sugestões de leitura

No meio de tanta coisa que se vai dizendo acerca dos - já o disse em posts anteriores sobre este tema - tristes e infames casos de pedofilia no seio da Igreja, sobretudo artigos que revelam um anticlericalismo primário ou um ressabiamento com a própria experiência de Igreja (ou igreja...) que pede, mais que tudo, apoio psicológico, vai surgindo qualquer coisinha que vale a pena ler. Além dos artigos que referi no post anterior sobre este tema, encontrei hoje mais dois artigos que vale a pena ler. Um de Vasco Pulido Valente, outro de Esther Mucznic (ambos originalmente publicados no jornal Público). Graças a Deus que pessoas insuspeitas, porque não inscritas no quadro católico e, sobretudo, porque não pertencentes à hierarquia da Igreja, vêm em defesa do Papa e da Igreja Católica.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Um show!


Porque uma imagem vale mais que mil palavras...
(relembro que Nelson Ned sofre de nanismo)

Cultura (popular) portuguesa

Depois do post acerca do Agrupamento Musical Lauro Palma, gostaria de partilhar algumas ideias sobre a cultura portuguesa (aproveito também para falar acerca do programa Achas que sabes dançar?, já que queria fazê-lo), pois foi nesse sentido que escrevi a dita entrada do blog. Quando disse que os Lauro Palma são a verdadeira nova música popular portuguesa, em contraponto com uma série de outros grupos, foi porque são os que pegam, sobretudo, na chamada música pimba, que é, na minha opinião, a verdadeira música popular portuguesa.
Podíamos dizer que a música popular portuguesa é o fado ou o folclore, mas na verdade é o pimba. De facto, o fado é especificamente português, e é tradicional, mas não é o estilo que mais colhe a aceitação do povo. Qualquer disco de Tony Carreira ou, num outro registo, dos D'zrt ou de qualquer outro projecto saído dos Morangos com Açúcar (que insiro no contexto da cultura pimba, das telenovelas) vende mais que os discos de fado. Arrisco-me a dizer que, nas várias plataformas (CD, k7, DVD, até no download pirata) Ágata e Emanuel terão vendido, nos últimos 20 anos, mais do que Amália Rodrigues. De facto (e mesmo admitindo estar redondamente enganado - e gostava de estar), o povo - no qual me incluo, não sou nenhum iluminado nem o suprasumo da cultura - tem dificuldade em distinguir a boa da má música, os bons dos maus intérpretes...

É neste contexto que deixo a minha opinião sobre o novo concurso da sic Achas que sabes dançar?. Tenho dificuldade em entender a pertinência de um concurso deste tipo sobre dança, porque, de facto, se temos dificuldade em distinguir a boa da má música, o bom do mau cinema, o bom do mau teatro (e digo-o não só porque a maioria não gosta do mesmo que eu mas sobretudo porque, de facto, temos pouca formação que nos permita distinguir a boa da má arte (refiro-me sobretudo à parte técnica, é-nos difícil distinguir um bom dum mau guitarrista ou contrabaixista, um bom dum mau realizador, etc.), fazendo a nossa avaliação com base no gosto pessoal, que, muitas vezes mal formado, não tem todas as condições para fazer uma correcta avaliação), não temos quase nenhum conhecimento sobre dança para distinguir um bom dum mau dançarino, pelo menos no sentido em que um jurí especializado (como o escolhido para o concurso) o consegue. Assim, não teremos um novo bom dançarino, mas um dançarino de que as pessoas gostem - o que é, quanto a mim infelizmente - bem pior...

sábado, 17 de abril de 2010

Uma mosca sem valor...

Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria.


António Aleixo

Poema breve de António Aleixo, inspiração para um dos temas do Agrupamento Musical Lauro Palma, "uma mosca sem valor" não deixou também de ser referência no mínimo engraçada para um artigo (de carácter jurídico, sei que pode não ser a coisa mais interessante... Vale pelo que de insólito (ou infelizmente nem tanto...) teve o caso) do blog/site parceiro pensador.

Song for the unification of Europe


É curioso que Preisner considere como a "canção para a unificação da Europa" o Hino à Caridade/ao Amor/ao amor/ ao amar por amar/ao amor até à morte de São Paulo. E que, ao contrário de muitos teólogos - mea culpa -, vá buscar o texto grego e assim componha a sua cantata.

1 Ἐὰν ταῖς γλώσσαις τῶν ἀνθρώπων λαλῶ καὶ τῶν ἀγγέλων, ἀγάπην δὲ μὴ ἔχω, γέγονα χαλκὸς ἠχῶν ἢ κύμβαλον ἀλαλάζον. 2 καὶ ἐὰν ἔχω προφητείαν καὶ εἰδῶ τὰ μυστήρια πάντα καὶ πᾶσαν τὴν γνῶσιν καὶ ἐὰν ἔχω πᾶσαν τὴν πίστιν ὥστε ὄρη μεθιστάναι, ἀγάπην δὲ μὴ ἔχω, οὐθέν εἰμι. 3 κἂν ψωμίσω πάντα τὰ ὑπάρχοντά μου καὶ ἐὰν παραδῶ τὸ σῶμά μου ἵνα καυχήσωμαι, ἀγάπην δὲ μὴ ἔχω, οὐδὲν ὠφελοῦμαι. 4 Ἡ ἀγάπη μακροθυμεῖ, χρηστεύεται ἡ ἀγάπη, οὐ ζηλοῖ, [ἡ ἀγάπη] οὐ περπερεύεται, οὐ φυσιοῦται, 5 οὐκ ἀσχημονεῖ, οὐ ζητεῖ τὰ ἑαυτῆς, οὐ παροξύνεται, οὐ λογίζεται τὸ κακόν, 6 οὐ χαίρει ἐπὶ τῇ ἀδικίᾳ, συγχαίρει δὲ τῇ ἀληθείᾳ· 7 πάντα στέγει, πάντα πιστεύει, πάντα ἐλπίζει, πάντα ὑπομένει. 8 Ἡ ἀγάπη οὐδέποτε πίπτει· εἴτε δὲ προφητεῖαι, καταργηθήσονται· εἴτε γλῶσσαι, παύσονται· εἴτε γνῶσις, καταργηθήσεται. 9 ἐκ μέρους γὰρ γινώσκομεν καὶ ἐκ μέρους προφητεύομεν· 10 ὅταν δὲ ἔλθῃ τὸ τέλειον, τὸ ἐκ μέρους καταργηθήσεται. 11 ὅτε ἤμην νήπιος, ἐλάλουν ὡς νήπιος, ἐφρόνουν ὡς νήπιος, ἐλογιζόμην ὡς νήπιος· ὅτε γέγονα ἀνήρ, κατήργηκα τὰ τοῦ νηπίου. 12 βλέπομεν γὰρ ἄρτι δι᾽ ἐσόπτρου ἐν αἰνίγματι, τότε δὲ πρόσωπον πρὸς πρόσωπον· ἄρτι γινώσκω ἐκ μέρους, τότε δὲ ἐπιγνώσομαι καθὼς καὶ ἐπεγνώσθην. 13 Νυνὶ δὲ μένει πίστις, ἐλπίς, ἀγάπη, τὰ τρία ταῦτα· μείζων δὲ τούτων ἡ ἀγάπη.
1 Cor 13

quarta-feira, 14 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Nova música popular portuguesa

Quais Madredeus, quais Deolinda, quais A Naifa, quais Novembro (?!), quais O'questrada, quais Anaquim, qual quê, nova música popular portuguesa, MESMO, é Agrupamento Musical Lauro Palma!!! Se alguma vez os Deolinda iam fazer uma música de seu nome "Famel" (em alusão à Fábrica de Produtos Metálicos, Ltda.), falando num motociclo desta marca passeando-se pelo Paris-Dakar!!!

Nota do blogger: Não que a maioria destes grupos não tenha o seu valor, que tem, e gosto de alguns deles (Madredeus, Deolinda, A Naifa). Não são é grupos de nova música popular portuguesa, no sentido em que Agrupamento Musical Lauro Palma o é. Penso ser o único grupo em todo o mundo que conseguiu renovar a música "pimba" e torná-la algo minimamente decente... A dose certa de humor misturada com a dose certa de profissionalismo e de rock alternativo; sem dúvida também com a dose certa de álcool.

domingo, 11 de abril de 2010

Farmville - metáfora dos tempos modernos

De entre as diversas aplicações que o facebook nos disponibiliza, uma das mais (se não mesmo a mais) famosas aplicações é o farmville. Talvez mesmo por ser das mais famosas e conhecidas me causa alguma impressão (em tudo, desde a música ao cinema, passando por teatro e televisão [a chamada "cultura"], sempre que algo é do agrado de muita gente (quando, sobretudo, cabe na designação de "comercial"), ganho alguma resistência a essa coisa e dificilmente gostarei dela (até nisto se nota que não por acaso sou do Sporting e que faz todo o sentido o asco nutrido pelo slb...)), mas não é só por isso que deixei de gostar desta aplicação (no final explicarei por que inicialmente gostei). O farmville mostra claros sinais do que é a nossa sociedade dos tempos modernos (e do que, na minha opinião, não deveria ser), visíveis em alguns aspectos que passarei a enumerar.

1. O cultivo da amizade por interesse. Muita gente se junta à nossa lista de "amigos" do facebook apenas para aumentar a sua lista de vizinhos do farmville. Nunca os vimos mais gordos, nem provavelmente um dia os veremos mais magros, mas são nossos amiguinhos, em troca de uns pregos e umas sacas de batata (virtuais, pois claro!) [não tenho nada contra ter amigos virtuais que nunca vi, desde que esses sejam pessoas de que gosto por algo que fazem (artistas, jornalistas, [raparigas giras...] etc.) ou alguém com quem partilho interesses].

2. Dar esperando sempre algo em troca. Por culpa não só das pessoas como da própria aplicação sempre que se recebe algo de alguém vem um convite para enviar algo em troca. Cultiva-se o agradecimento imposto e esquece-se o verdadeiro dom quer da gratuidade quer do agradecimento sincero. É-nos proposto que ajudemos nas "quintas" (na verdade aquilo são fazendas (no sentido português do termo), mas enfim...) dos outros, mas sempre pressupondo que esses ficarão a saber e retribuirão.

3. Cultiva-se a pedinchice. Ao abrir o facebook na página inicial são imensas as mensagens de indivíduos semelhantes a drogados em ressaca pedinchando um prego ou uma tábua de madeira para acabar um galinheiro. Comparo estes indivíduos aos arrumadores de carros da vida real, até tenho medo que um destes dias me risquem o perfil em retaliação!

4. Torna-se o centro da vida real das pessoas. Como se não bastasse já o futebol e o desporto em geral e a vida dos outros para alienar as pessoas em relação aos seus próprios problemas (e ainda há quem cite Marx e a sua célebre frase "a religião é o ópio do povo", como se hoje fosse sobretudo ela o que aliena as pessoas (olhe-se para o estádio da Luz em dia de jogo e para a capa dos jornais desportivos portugueses...)), agora também o farmville ocupa essa função. Se as conversas de café podiam ser sobre algo (minimamente) edificante, ou pelo menos sobre algo que fomentasse a união cultural e espiritual entre as pessoas, fala-se sobre debulhadoras, uvas e batatas virtuais...

P. S. De início gostei deste jogo porque era de ter uma fazenda e cavar, logo bastante cabreirão. Mas depois comecei a ver nas pessoas este tipo de atitudes que enumerei e fartei-me, até porque as acho pouco consentâneas com a criação de perús, galinhas, vacas, patos e cabras, bem como com o cultivo de batata, cebola e pimento... Não bloqueei a aplicação, continuo a aceitar tudo o que me mandam (nem que seja pedidos de coisas, se me pedirem coisas eu mando), mas recuso-me a ser assíduo e compactuar com o degredo social por via virtual...

Férias da Páscoa

Continuo a achar que as férias grandes deviam ser agora, afinal a Páscoa dura 50 dias...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Passeio rápido pela música brasileira contemporânea

Embora um amigo meu não seja adepto da MPB mais antiga (Chico, Vinicius, João Gilberto, Ben Jor, Sérgio Mendes, Tom Jobim), eu sou. Da música brasileira mais contemporânea (inclua-se apenas a que considerarem que eu ouvirei!) destaco Los Hermanos (existe também, por exemplo, Vanessa da Mata ou Seu Jorge (deste último, confesso, já gostei mais...), ou outros artistas que desconhecerei por não estar dentro da realidade do país, mas Los Hermanos é a banda brasileira que mais ouço neste momento...). Percebo o "desgosto" desse meu amigo pela MPB de há 20/30 anos devido ao seu gosto por Legião Urbana, que são pouco mais que uma banda de baladas que fez duas ou três canções que se apresentem (são uma espécie de Santos & Pecadores ou Delfins lá do sítio, embora em nenhum dos referidos haja, como na Legião Urbana, duas ou três canções que se apresentem...).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Selecção musical nacional

Na acesa discussão Black Eyed Peas/Tiago Guillul pelo título de música de apoio a Portugal no Mundial da África do Sul, se em termos da música propriamente dita o segundo deveria, para mim, ir bastante mais à frente (embora não seja uma grande canção, é em português e bem mais inteligente. Além disso tem um "nánáná", e sou homem para valorizar as onomatopeias), em termos de nome os primeiros apoiam bem mais a equipa nacional... Afinal, Guillul é apenas Cavaco em hebraico, enquanto que Black Eyed Peas é feijão frade em inglês!!!

Podia ter ira ou desejo de vingança, mas não


Diante das acusações (infelizmente com fundamento) feitas à Igreja, a propósito dos casos de pedofilia perpetrados por sacerdotes, a minha tentação é a de sugerir à comunicação social que vá falar dos pecados dos muçulmanos, a ver se não lhes começam logo a rebentar bombas no rabiosque... Mas não, prefiro acompanhar o Magistério, reconhecer a verdade dos crimes e pedir perdão, pelo que se fez e pelo que não se fez e não se disse. Se há duas coisas em que a Igreja choca com o mundo contemporâneo é em não ter um sistema de comunicação que funcione ao ritmo do desejo da opinião pública (para muitos será um defeito, para mim é uma vantagem) e em pedir perdão, em preferir a "humilhação" do perdão à defesa teimosa dos actos cometidos... O que precisamos, neste "combate", é de usar estas duas armas, de mostrar que na Igreja as decisões políticas que houver a tomar (embora o derrube de um Papa, como desde o início do pontificado de Bento XVI vêm tentando, não seja algo meramente de carácter político; afinal, a eleição de um Papa é também lugar de acção do Espírito Santo) não dependem do desejo da opinião pública (sobretudo quando, como neste caso está mal - perversamente - formada) mas do desejo de Deus!

Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. (Mt 5, 39)

Ano Sacerdotal (apontamento por mim, um leigo)

Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecónomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós.

São João Maria Vianney, o Cura d'Ars

Depois de ler de Córdula, e depois de ouvir esta frase do Santo Cura d'Ars, citada pelo Senhor Patriarca, na homilia da Missa Crismal, começo a pensar que ando com a pancada da morte pela fé... Tenha eu "tomates" e inteligência para morrer pela fé!

domingo, 4 de abril de 2010

Música para o Tríduo Pascal












Um dos meus grandes interesses é a música, desde o grunge (sobretudo os Pearl Jam), algum pop, rock, música litúrgica, à música antiga (principalmente a que me chega via colecção Musique d'abord, que deve ser ouvida).
Hoje gostaria de partilhar dois álbuns de música erudita que foram meus "companheiros" na vivência espiritual deste Tríduo Pascal. O pano de fundo de Sexta-Feira Santa e Sábado Santo foi o CD Seven last words from the Cross, de James MacMillan; já no Domingo de Páscoa decidi ouvir o Te Deum de Arvo Pärt. Destaco a forma como combinam bem a música erudita contemporânea com o canto litúrgico ligado ao rito romano (MacMillan) ou o canto oriental, sobretudo de matriz ortodoxa (Pärt). A quem tiver gosto por este tipo de música que ouça estes dois compositores.
Tive ainda tempo de ouvir, por estes dias, Méditations sur le mystère de la Sainte Trinité, de Olivier Messiaen. É mais um que recomendo, desde o seu Quatuor pour la fin do temps à obra para órgão.

Fra Angelico

Em termos de iconografia cristã, além do gosto que tenho pela arte oriental dos ícones (como este blogue vem demonstrando), um autor de que gosto bastante é, sem margem para dúvidas, o Beato Fra Angelico. Autor de grandes obras como a Anunciação, as Bem-Aventuranças ou uma das mais belas representações da Ressurreição, nunca deixa de me fazer cair por terra por duas características próprias: a proximidade com a arte oriental dos ícones (sobretudo no sentido de não buscar um realismo exacerbado, como começamos a ver na arte moderna e barroca) e, sobretudo, a forma quase infantil como representa as personagens bíblicas. Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu (Mt 18, 3).

Páscoa


Cristo ressuscitou, Aleluia!

Um grande silêncio reina hoje sobre a terra; um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei dorme; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos. Deus morreu segundo a carne e acordou a região dos mortos.
Vai à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Quer visitar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte. Vai libertar Adão do cativeiro da morte, Ele que é ao mesmo tempo seu Deus e seu Filho.
Entrou o Salvador onde eles estavam, levando em suas mãos a arma vitoriosa da cruz. Quando Adão, nosso primeiro pai, O viu, batendo no peito, cheio de admiração, exclamou para todos os demais: «O meu Senhor esteja com todos». E Cristo respondeu a Adão: «E com o teu espírito». E tomando-o pela mão, levantou-o dizendo: «Desperta, tu que dormes; levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará».
«Eu sou o teu Deus que por ti me fiz teu filho, por ti e, por estes que nasceram de ti; agora digo e com todo o meu poder ordeno àqueles que estão na prisão: ‘Saí’; e aos que jazem nas trevas: ‘Vinde para a luz’; e aos que dormem: ‘Despertai’».
«Eu te ordeno: Desperta, tu que dormes, porque Eu não te criei para que permaneças cativo no reino dos mortos. Levanta-te de entre os mortos; Eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, minha imagem e semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em Mim e Eu em ti, somos um só.
«Por ti Eu, teu Deus, Me fiz teu filho; por ti Eu, o Senhor, tomei a tua condição de servo; por ti Eu, que habito no mais alto dos Céus, desci à terra e fui sepultado debaixo da terra;por ti, homem, Me fiz homem sem forças, abandonado entre os mortos; por ti, que saíste do jardim do paraíso, fui entregue aos judeus no jardim e no jardim fui crucificado.
«Vê no meu rosto os escarros que por ti suportei, para te restituir o sopro da vida original. Vê no meu rosto as bofetadas que suportei para restaurar à minha semelhança a tua imagem corrompida.
«Vê no meu dorso os açoites que suportei, para te livrar do peso dos teus pecados. Vê as minhas mãos fortemente cravadas à árvore da cruz, por ti, que outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.
«Adormeci na cruz, e a lança penetrou no meu lado, por ti, que adormeceste no paraíso e formaste Eva do teu lado. O meu lado curou a dor do teu lado. O meu sono despertou-te do sono da morte. A minha lança susteve a lança que estava dirigida contra ti.
«Levanta-te, vamos daqui. O inimigo expulsou-te da terra do paraíso; Eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas no trono celeste. Foste afastado da árvore, símbolo da vida; mas Eu, que sou a vida, estou agora junto de ti. Ordenei aos querubins que te guardassem como servo; agora ordeno aos querubins que te adorem como a Deus, embora não sejas Deus.
«Está preparado o trono dos querubins, prontos os mensageiros, construído o tálamo, preparado o banquete, adornadas as moradas e os tabernáculos eternos, abertos os tesouros, preparado para ti desde toda a eternidade o reino dos Céus».

(Uma antiga homilia de Sábado Santo (séc. IV), por alguns atribuída a Melitão de Sardes)

A TODOS UMA SANTA PÁSCOA!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tríduo Pascal

O Tríduo Pascal deixa-me alegre, sem dúvida - é a comemoração anual da minha maior alegria - mas também cansado... A "sorte" é que se lhe seguem os cinquenta dias de "descanso" da Ressurreição... Mais valia celebrar tudo à Lagardère!