blogue de poesia e teologia.

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domingo, 21 de agosto de 2011

Católicos praticantes de outras coisas

Este texto nasce da observação de gente católica (considero aqui aqueles que conheço e são efectivamente católicos e também o conjunto de pessoas que se consideram católicas) no facebook. Uma das razões do sucesso desta rede social é a existência de um news feed, onde podemos verificar as mais recentes actualizações de "estado" [n.d.a.: espécie de resposta constante às perguntas «O que estás a fazer?»/«O que estás a sentir?»] dos nossos "amigos" [coloco entre aspas visto que a rede social põe na mesma categoria aqueles que são efectivamente amigos, os "conhecidos", as pessoas que por qualquer razão admiramos (artistas, jornalistas, etc.)], e é aí que me deparo com o fenómeno que agora comento.
Costumo comparar os referidos estados que surgem no facebook a uma visão do interior do nosso cérebro (imagem que partilhava, um dia destes, com uma amiga, quando lhe falei na existência deste blog...), ou, na linguagem de John Locke, uma visão do íntimo do ser humano, da sua consciência, essa que é única e, sobretudo, impenetrável. Assim, partilhar coisas na internet, como num livro, num quadro, em qualquer plataforma, é sempre uma forma de dar aos outros um acesso mais rigoroso ao que sou de verdade.
A minha sensibilidade eclesial, muito antes de pensar que iria um dia passar pelo Seminário, que iria ser professor de EMRC, que ia formar-me em Teologia, sempre foi uma sensibilidade "diocesana" (no sentido de uma sensibilidade que procura integrar diferentes sensibilidades pessoais, os chamados carismas) e a maioria das comunidades onde desde pequenino vou à Missa são pastoreadas por padres que cultivam esta sensibilidade eclesial, pelo que nunca me consegui aperceber muito bem da sensibilidade da maioria das pessoas no que cabe a interesses em termos de oração, leitura espiritual, música "meditativa" (leia-se, música associada à religião).
Assim, o facebook, onde acabei por me ligar a muita gente, e receber convites de "amizade" de muita gente unido pelo laço da religião, ou, mais bem dito, da fé, tornou-se o espaço onde me comecei a aperceber dessas coisas que não dão para perceber quando nos encontramos na Missa, ainda para mais quando, como disse, é um local onde se partilha a intimidade de cada um.
Se descobri coisas curiosas, desde pessoas que são liturgicamente bem mais rigorosas do que eu (até em termos de doutrina e praxis bem mais rigorosas do que eu...), a pessoas com interesses comuns aos meus (interesse pelos monges de clausura, gosto pela música litúrgica oriental e pelo gregoriano, estima pela música litúrgica em português), não deixei de me aperceber de alguns factores de que não tinha bem a noção e que me preocupam (e era aqui que queria chegar!).
Estes factores de preocupação são diversos (embora assuma à partida que dou algum desconto, pois outro dado curioso que noto no facebook é que as pessoas partilham [note-se, nas redes sociais partilhar é assumir como seu] muita coisa acriticamente, sem ver integralmente [no caso de vídeos], baseando-se apenas no título, ignorando partes do texto/vídeo/imagem que estão a partilhar): o fascínio de muitos católicos pela astrologia (que amigos meus não-católicos o tenham "tudo bem", agora os católicos não podem! Segue-se a velha máxima usada em relação à maçonaria: um maçon pode ser católico mas um católico não pode ser maçon), o interesse de muitos católicos pelo fenómeno new age, sobretudo pela cantora Enya (sobre este tema prefiro nem falar, sugiro apenas a leitura do livro Jesus Cristo, portador de água viva, do Conselho Pontifício para a Cultura e do Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, que até é barato e tem a tradução de excertos de temas do musical Hair), o mau gosto de muita gente em matéria de música litúrgica (opção por músicas resgatadas do campo evangélico brasileiro em detrimento da tradição litúrgica, no mínimo, portuguesa), o gosto por alguns autores que constroem toda a sua obra no limbo que separa a ortodoxia da excomunhão (muitos já do lado de lá, ou muito próximos disso). Acho que os Bispos que andam pelo facebook, bem como os padres (se bem que mesmo entre estes, e não gostaria de o dizer, enfim...), deviam estar atentos a estes fenómenos. Como nos ensina a experiência eclesial (isso se vê em cada nova notícia das JMJ que se vivem em Madrid), a Igreja é um espaço plural - de unidade na diversidade, mas é preciso cuidar dos limites dessa pluralidade. Há diversidade de carismas, mas o Espírito é o mesmo, sim, mas é preciso estar atentos, porque o Espírito Santo rapidamente pode ser substituído pelo espírito da divisão.

Vamos todos rezar! (sem horóscopos, sem new age, sem etc. e tal)

sábado, 20 de agosto de 2011

Recordações futebolísticas

Ainda me lembro de um árbitro se ter recusado a arbitrar um jogo do Sporting e terem resgatado um homem das bancadas para exercer tal missão.

Nota 1: Estará isto para acontecer no domingo? Achava piada.

Nota 2 (teológica): Movimentos "progressistas" como o "Nós somos igreja" e outros afins terão baseado as suas teses nesta lei do futebol?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Descoberta musical deste verão

Das melhores coisinhas que descobri este verão foi que já saiu o segundo álbum de Marcelo Camelo, toque dela. Fica aqui uma amostra: