blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A revolta

«I’m not expecting revolutions on the animal farm, ‘cause when the wolves find a solution every little bird must die», JP Simões em Light Movie, Belle Chase Hotel, La toillete des etóiles.



So, come on and call me superficial,
like the sun does to the sea:
I’m here for the wine and some other time,
I’ll solve the world’s greatest mysteries.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Os verdadeiros homens da luta

Ao ler hoje a notícia de que o nosso primeiro-ministro-diplomado-ao-domingo decidiu aumentar novamente os impostos, lembrei-me logo da manifestação por que passei à tarde e que ilustra este post (coitados dos sindicalistas, mal sabiam que logo na mesma noite lhes iam mexer ainda mais nos bolsos...). Lembrei-me dela porque de facto o momento actual precisa de pessoas na rua, de uma revolta popular, pacífica e sem violência, mas em que mostremos, de facto, o nosso descontentamento com o estado actual das coisas. É precisamente porque o "povo" [seja lá o que isso, em abstracto, for... Chame-se-lhe, como o meu vizinho Rafael Bordalo Pinheiro, Zé Povinho] se demite da sua presença activa na polis, nas mais diversas dimensões, desde a política em si como à religião, ao voluntariado, que estes senhores têm legitimidade para fazer o que bem entendem, continuando a andar de chauffeur e de carro topo de gama enquanto sobem o IVA em mais 2%, cortam nas pensões, cortam nos salários da função pública e o diabo a sete! Pior do que isso é que o "povo", o mesmo que se devia revoltar e ir para a rua em busca de tornar a Cidade dos Homens na Cidade de Deus, enquanto tiver fundos de desemprego e RSI's vai continuar a votar nos mesmos...

Acerca do tema sugiro este artigo de Paulo Tulhas no i.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

(Boa) Poesia na (!?) música

Podia, sim, ser um verso de um qualquer grande poeta (até um dos nossos portugueses que, como já disse várias vezes, são muitos e dos melhores do mundo no género, por muito que quase sempre desprezados). Mas é mesmo Lady Gaga, no meio de uma música pop "orelhuda" [acrónimo eurovisionista para má], Alejandro... «She hides true love en su bolsillo».

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Infância feliz

Hoje caiu a primeira chuva (decente) do Outono e lembro-me do cheiro da saca de serapilheira molhada posta de capuz quando voltava da fazenda com o avô.

Plano de acção para uma segunda-feira feliz

Metro, carreira 11 da vimeca, escola, carreira 2 da vimeca, escola, carreira 13 da vimeca, casa, cama. Isto durante um aninho... Vá, até Junho do ano que vem, só... Espero que comigo ainda vivo. A todos peço oração. A propósito de oração, partilho ["repartilho", diz o neologista] a última estrofe de Para ler aos noviços, do meu caro professor padre José Tolentino Mendonça:

Só há um modo verdadeiro de rezar:
estende o teu corpo ao longo do barco
que desce silencioso o canal
e deixa que as folhas mortas dos bosques
te cubram

José Tolentino Mendonça, A noite abre meus olhos, Lisboa, Assírio & Alvim 2010, p. 213.

PS: Justifico este post com a necessidade de que a primeira coisa com que se deparam neste blog seja, pelo mínimo tempo possível, sobre a praxe, essa bonita instituição nacional... De facto, anseio pela entrega da minha tese [à qual dou o nome provisório O louco de Deus - teologia da fragilidade em Paulo] para deixar de fazer parte deste grupelho de gente que integra os outros pondo-os a fazer figuras de urso na praça pública, onde percebo os olhares reprovadores de muito idoso: «É esta a juventude que nós temos? Vão isto ser os futuros médicos e engenheiros?». Vão, senhores, infelizmente vão. E tão bons eles se acham que logo ao segundo ano (se chumbarem, ainda no primeiro ano!) se auto denominam de "doutores"!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Praxe

É um gajo vestido de preto numa cidade com 30 e tal graus, a cheirar a álcool que tresanda, e um bando de trinta e tal "carneiros" a obedecer-lhe.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Muito mais que futebol


Eis o Sporting. Muito boa esta reportagem de El Mundo Deportivo. E como é uma reportagem do estrangeiro não pode ser acusada de falta de isenção!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Nova tese

A grande vantagem de se ter professores geniais e preocupados com a carreira académica dos seus alunos, é que de propostas individuais vagas se chega a propostas concretas válidas e desafiantes. Do meu interesse pessoal em trabalhar a dimensão ética das Bem-Aventuranças passei para o interesse, não menos pessoal, em trabalhar a dimensão da auto-consciência paulina, em conjunto com os outros colegas de acompanhamento de dissertação, trabalhando depois, em concreto, a teologia da fraqueza. De facto, o Apóstolo diz aquilo que deveria ser a experiência de todo o cristão (notável é que aquilo que ele diz seja, de facto, a sua própria experiência de fé):

Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma só vez, a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago e, a seguir, a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como a um aborto. (1 Cor 15, 3-8)

Ninguém se engane a si mesmo: se algum de entre vós se julga sábio à maneira deste mundo, torne-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus. (1 Cor 3, 18-19)

Por isso me comprazo nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte. (2 Cor 12, 10)

Oxalá pudésseis suportar um pouco de insensatez da minha parte! Mas, de certo, ma suportareis. (2 Cor 11, 1)

O que vou dizer, não o digo segundo o Senhor, mas como num assomo de insensatez, certo de que tenho motivos para me gloriar. (2 Cor 11, 17)

Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. (1 Cor 9, 22)

Regresso às aulas

Começa já no dia de hoje (embora no meu sistema de contagem de dias seja amanhã, visto que só mudo de dia quando durmo) o, assim Deus queira [pós-graduações, mestrados, doutoramentos, podem sempre trocar-me as contas à vida], meu último ano como estudante. Os nervos do primeiro dia de aulas estão presentes, como no primeiro dia, não me deixando descansar em condições.
Como dizia num dos meus
posts em férias, este é um dia feliz para o hipotético leitor apreciador deste blog, visto que com o reinício de aulas volto a ter mais actividade intelectual, muito decorrente da actividade académica [que, ao hipotético leitor que deve andar agora a praxar os colegas mais novos, informo que é pensar, ler e estudar, e não beber copos, fazer sexo pré-marital e humilhar durante um mês os recém-colegas de faculdade/curso]. Eventualmente será um dia triste para o hipotético leitor não apreciador deste blog, uma vez que, tendo o blog mais actividade, essa hipotética pessoa chatear-se-á mais com este gajo que diz mal do Sócrates, do Figo, do Carlos Cús, do Benfica, e que, heresia das heresias, diz bem da Igreja e, quando fala dos autores da FlorCaveira [os de inspiração cristã, bem entendido], não diz que «eles têm fé mas eu até gosto».
Para mim, este é um dia com bastante sono...
Para este novo ano lectivo, prometo que o hipotético leitor do
blog poderá acompanhar de perto o processo de nascimento e desenvolvimento da minha tese de conclusão de mestrado, que andará, penso, à volta da Ética das Bem-Aventuranças (de facto, amanhã [hoje] reunirei pela primeira vez com o orientador, arriscando-me a ouvir queixas por não ter, durante as vacaciones, encontrado um qualquer critério de restrição para este tema que, ao momento actual, é bastante vasto e impossível de trabalhar... Mas mantenho confiança na bondade do estimado orientador, que será (grato estou a Deus) José Tolentino Mendonça).
Mantendo a íntima ligação deste
blog com a poesia, e mesmo sendo um poema que nada tem a ver com o tema do post, partilho este escrito de Adília Lopes, desejando a todos um feliz ano lectivo!

Quando encostam

ou abrem

o portão

do pátio do Duarte

na minha rua sossegada

à tarde

é como se os músicos

afinassem os instrumentos

antes do concerto.


Adília Lopes, Caderno, & etc 2007.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mê rico Portugal

Que raio de país é este, onde além de termos um primeiro-ministro que conclui o curso a um domingo se quer para presidente da Federação de futebol um ex-jogador que terá aceitado dinheiro para apoiar um partido político (curiosamente o mesmo do senhor que acabou o curso ao domingo...)?! Isto só está entregue à bicharada porque "o povo" assim o quer. E depois venham cá Carlos Cús dizer que o povo não é estúpido... Enfim...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Audio-fim de férias

Com o tempo de férias de verão a chegar ao fim, calhou-me querer ouvir o último álbum dos GNR, Retropolitana. E, meus amigos, acho que encontrei um bom barómetro para ver quem gosta de música. Excepto para o caso daqueles cavalheiros com quem partilho o dom da amizade e que só gostam de música erudita, abrindo apenas excepções para grupos com quem tenham afinidade sentimental. Quem gostar de música contemporânea e, em particular, de música portuguesa em português (sim, que para mim música portuguesa é a feita por portugueses, não vá eu um dia destes querer ter uma banda a cantar em grego clássico, em sânscrito ou numa língua inventada por mim e depois fique um apátrida) dificilmente não gostará deste ábum.
Ah, e, dúvidas houvesse, este disco esclarece qualquer uma delas: a banda do Reininho mete os senhores das guitarras gamadas num bolso. Dos pequenos.

sábado, 4 de setembro de 2010

Actualização de projectos de férias

Para um gajo como eu, ler, a pouco mais (ou menos?) de uma semana do fim das férias, metade dos livros a que se havia proposto para este período, é um verdadeiro acontecimento. E foram, de facto, bons acontecimentos. Li O Breviário das Más Inclinações e As mentiras que os homens contam. São livros diferentes, mas com alguns pontos em comum. Ambos são histórias recheadas de humor, por vezes com uma linguagem demasiado agressiva para alguns leitores, mas que não dão só vontade de rir (nem sempre vontade de rir). Dão vontade de pensar, de saber mais (O Breviário das Más Inclinações ensina-nos muito sobre árvores, plantas, costumes e coiso e tal do Portugal dos anos 30-60; As mentiras que os homens contam situa-nos no contexto cultural do Brasil), de ler mais...
A 50% do fim dos livros que me propus ler (no mínimo) nestas férias, digo que se a vida é um poema contínuo, como proclama este blog, socorrendo-se das palavras de Herberto Helder, ela é continuamente feita de poemas, de leituras.