aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.
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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
O Ano é Novo
domingo, 26 de dezembro de 2010
Tempore Natalis
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Quase, quase, quase
NB: Não, o Natal não é quando o homem quiser. Os valores atribuídos ao Natal (solidariedade, partilha, reunião familiar) é que não são exclusivos desta época, mas a culpa disso não é do Natal...
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Santa Claus is coming to town
Aviso os supersticiosos que, por este ser um blog de inspiração cristã, só durante o Tempo do Natal haverá desejos de todas as formas e feitios para toda a gente. Afinal, se dar os parabéns antes do dia dá azar, coitadinho do Menino Jesus! Não lhe bastasse já andar ao frio há um mês, quando faz anos só daqui a três dias! E ainda se não celebrássemos o aniversário dele durante mais de quinze dias...
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Prendas de Natal
Autobiografia (vii)
e corro, corro, corro,
sem destino...
o homem não é mais
que um peregrino sobre a Terra
a sua morada é o Céu
Autobiografia (vi)
que morreu para o mundo
para viver a sós com Deus
é o homem mais feliz
que jamais conheci
nunca esquecerei a sua alegria
e o seu sorriso
O morto é o mais feliz da terra dos vivos!
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Autobiografia (v)
que a sua espécie
está em vias de extinção
por isso se disponibiliza
a toda a gente, todos os dias
por todos espera, de coração aberto,
na sua jaula,
lá, no seu zoológico
- que são as conversas, as palavras,
diz ela, «as explicações»
e não lhe sai da cabeça
aquela frase de Michel de Certeau:
«Dans sa misère, la théologie regarde vers la porte»
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Autobiografia (iv)
que o que vem de dentro do homem
é que é impuro
mas também sabe
que é do mais íntimo do seu íntimo
que se começa o longo caminho
para Deus
Autobiografia (iii)
e nunca, mas nunca
se desenrasca a manobrar em marcha-atrás
Autobiografia (ii)
e estremeceu por dentro
chorou
então, descalçou-se
e começou, pé ante pé,
a subir os degraus
que conduzem à Cruz
Autobiografia poética
domingo, 12 de dezembro de 2010
De volta!
Porque este é um blog que trata de palavras e da Palavra, aproveito para partilhar mais um poema de Daniel Faria (outro excerto de um poema dele será, também, a minha mensagem de Natal para os meus amigos, mas até ao Natal ainda temos tempo, ainda que muitos já encham as suas janelas e varandas de Meninos Jesus, como se a melhor maneira de combater a paganização do Natal fosse antecipar o nascimento de Jesus mais de um mês... Mas sobre isto talvez fale num texto especialmente dedicado ao tema).
Pousa devagar a enxada sobre o ombro
Já cavou muito silêncio
Como punhal brilha em suas costas
A lâmina contra o cansaço
Daniel Faria in Últimas explicações
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Daniel Faria
Daniel Faria é normalmente referido como o poeta que nos deixou cedo de mais... O facto é que a sua morte física antecedeu apenas em alguns meses o que seria a sua morte para o mundo, com a entrada definitiva na Ordem Beneditina. Assim, o poeta "escondido" no Céu está mais visível do que estaria o poeta monge. Que a sua obra continue a ser sinal dessa Outra, que «viverá pelos séculos dos séculos» e que quer ser lumen gentium!
Ninguém me chama
Sobre a flor
E não respondo
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
O Idiota
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Adília Lopes
S. João da Cruz
Mesmo que pudesse
dizer tudo
não podia dizer tudo
e é bom assim
Deus é a nossa mulher-a-dias
Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a vida
porque achamos
que não presta
Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a fé
porque achamos
que é pirosa
O tempo é sagrado
O tempo
é sagrado
O tempo
é templo
Ficar à escuta
Ficar
à escuta
À escuta
do silêncio
Nota 4
Se tu amas por causa da beleza, então não me ames!
Ama o Sol que tem cabelos doirados!
Se tu amas por causa da juventude, então não me ames!
Ama a Primavera que fica nova todos os anos!
Se tu amas por causa dos tesouros, então não me ames!
Ama a Mulher do Mar: ela tem muitas pérolas claras!
Se tu amas por causa da inteligência, então não me
ames!
Ama Isaac Newton: ele escreveu os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural!
Mas se tu amas por causa do amor, então sim, ama-me!
Ama-me sempre: amo-te para sempre!
Sur la croix
Sur la croix
on gémit
et on prie
***
Dia
sem poesia
não é dia
é noite escura
Mas a poesia
é noite escura
***
“Dois Poemas sobre a minha Rua”
Quando encostam
ou abrem
o portão
do pátio do Duarte
na minha rua sossegada
à tarde
é como se os músicos
afinassem os instrumentos
antes do concerto.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Quem fala assim não é gago!
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Do Livro dos Actos dos Apóstolos
A luz de Damasco é um grito
Para a ovelha que regressa
A luz de Damasco é um tombar do trigo, um cair
Do grão - cega tanto como os olhos
De um homem perseguido quando se volta
Para nós
A luz de Damasco golpeia. É circuncisão
Que abre, limpa, a luz de Damasco
É dura. Da dureza
Das pedras que um mártir junta com as mãos
Com que empedra o caminho para a morte. A luz
De Damasco é esse lume
Da oração de um mártir ao morrer
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sábado, 16 de outubro de 2010
Dia de anos
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Tema de tese (provisório-definitivo)
Título «Por causa de Cristo somos idiotas» - uma retórica da fragilidade em São Paulo.
Sumário Nesta dissertação pretende-se estudar, a partir da expressão de 1 Cor 4, 10, «Nós somos idiotas por causa de Cristo», a importância do uso de metáforas relacionadas com a fragilidade na construção do discurso de Paulo. Trataremos, em particular, esta metáfora do «idiota», fazendo a ligação com o contexto histórico de Paulo e, em particular, com a linguagem própria do teatro, donde é tomado o termo.
Assim que se saiba da aprovação, ou não, deste tema, darei mais notícias. De resto, vou procurar que este blogue seja espaço de partilha da investigação feita.
Esta teologia não é para leigos
O facto é muito simples, e tem a ver com o título deste post. A teologia - o discurso teológico - só é bem aceite (pelos cristãos, leia-se; os outros aceitam mal qualquer discurso teológico, de resto aproveitando para atacar a Igreja, sobretudo na sua dimensão hierárquica, e ridicularizá-la, bem como a toda a mensagem cristã...) quando feita por clérigos (sobre a excepção que confirma a regra falaremos adiante).
Dou um exemplo concreto: se um padre, de uma Ordem ou Congregação religiosa ou não, discursa sobre o estado do mundo, denunciando o que está mal, proclamando a necessidade de novas relações humanas, fundadas no respeito entre os homens, no reconhecimento do outro como irmão, etc., é um herói, que tem coragem de remar contra a maré, de enfrentar um mundo adverso à mensagem cristã, e está a contribuir decisivamente para a mudança de mentalidades e comportamentos. Se for um leigo a fazê-lo, sobretudo se for teólogo, não passa de um idealista, que não sabe que o mundo não vive de ideias bonitas (ainda que estas se enraízem no Evangelho!).
Lugar à parte têm os leigos estudiosos por conta própria (contra os quais não tenho nada contra, desde que sejam portadores de inteligência e honestidade intelectual) que produzem verdadeiros tratados teológicos (ainda que sem qualquer fundamento científico, próprio de uma Teologia que quer ter lugar na "casa da ciência"; mas que interessa isso a estas pessoas?) para as redes sociais, e que, mesmo que sem passar pelo escrutínio do sensus fidei e do sensus ecclesiae são aclamadíssimos.
Mas a verdadeira questão, hoje, não está em denunciar esta separação, antes está em darmos as mãos (clérigos e leigos teólogos) e em juntar as nossas ideias e as nossas acções para mudar o mundo. Uma Teologia que perca a dimensão de ciência, por um lado, e a dimensão prática, concreta e palpável de presença no mundo - a que podemos chamar de pastoral - vai, concerteza, perder quer o seu lugar na "casa da ciência" quer o seu interesse para a vida das pessoas. E sem isso, ela deixa de ser coisa alguma. Está nas nossas mãos conservar a Teologia. Que o saibamos fazer, com a inteligência e com as mãos, para não sermos acusados de idealismo nem, por outro prisma, de viver uma acção social desligada da fé. Que a nossa vida seja fé, esperança e caridade, para que no fim permaneça o Amor.
(este texto será publicado também em theo-odisseia)
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Agrupamento Musical Lauro Palma (again)
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Da crise
(Vede da natureza o desconcerto!)
Remisso e sem cuidado algum, Fernando,
Que todo o Reino pôs em muito aperto;
Que, vindo o Castelhano devastando
As terras sem defesa, esteve perto
De destruir-se o Reino totalmente,
Que um fraco rei faz fraca a forte gente.»
Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto III 138.
(sugiro que vejam esta entrevista do Frei Fernando Ventura à sic notícias)
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
A maçonaria é o %&#$%&$
É triste este momento, quer para a Igreja, que, diga-se, talvez tenha tido desde há muitos anos dificuldade em encontrar a recta relação com estas instituições, quer para as Misericórdias, que a pouco e pouco foram perdendo a sua dimensão fundamental, de serem lugar de misericórdia, acção do coração em favor das pessoas que passam por necessidades, e foram-se tornando centros de negócio mantendo a capa dessas acções. São instituições com bastantes bens (imóveis e móveis [dinheiro]), o que as torna apetecíveis como lugares de interesses económicos e vias de progressão política.
E é aqui que entra a maçonaria. Se virmos uma boa reportagem sobre este grupo (como esta), percebemos que tem uma aparente inutilidade espiritual e prática. Assim, o seu valor só pode estar na troca de favores e interesses. E é aí que, por causa daquilo em que se tornaram, as Misericórdias se tornaram um bastião maçónico, à medida que a dimensão institucional da Igreja (sobretudo os senhores Bispos...) foi deixando esta associação laical ("associação pública de fiéis") trabalhar em roda livre...
Notícia sobre a reacção das Misericórdias aqui.
A posição da Igreja portuguesa, aqui.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Mulher(es) mesmo bonita(s)
nm: Que palavras usaria para se definir?
JC: Sou uma pessoa com muita sorte, sobretudo. Uma pessoa com muita sorte. Que tem tido muitas graças na vida e que tem tido a sorte de ter tido muito amor, que tem tido a sorte de conhecer pessoas extraordinárias que me salvam diariamente, na música e não só. Questiono-me muitas vezes porque é que a vida tem sido tão generosa para comigo. Na família em que nasci, no país em que nasci, - num país que me amparou desde cedo, que me ajudou a transformar e a desenvolver a minha imaginação artística -, …
nm: Não está a pôr muito o acento tónico na sorte? Então o seu esforço, o seu mérito, o seu talento?
JC: Bom, eu acho que trabalho muito… mas aquilo que sinto é que há muitas pessoas neste mundo que trabalham muito e não têm as oportunidades que eu tive. Por isso existe um factor sorte, existe um factor mistério na minha vida. Nas alturas mais difíceis da minha vida, acabo sempre por ter muito mais coisas para agradecer do que para pedir. (silêncio) E realmente isto é uma graça enorme. Que tem que ver com coisas misteriosas e que nos são dadas gratuitamente. E nesse sentido, acho que sou uma pessoa com muita, muita sorte.
nm: De onde acha que vem essa sorte?
JC: É evidente, não é? De onde acho que vem essa sorte? Vem de qualquer coisa que vai muito para além daquilo que é terreno.
nm: Deus?
JC: Vem de Deus. Com certeza. Não tenho dúvidas que sim. Não tenho dúvidas.
Santo da minha devoção
Para um estudo mais aprofundado sobre a vida de São Bruno podem consultar este meu trabalho de investigação.
Neste post lembro ainda os rapazes do Curso de São Bruno, agora no seminário dos Olivais, com quem fiz uma caminhada de três anos, e ainda o Pe. Luís Nolasco, ex-clero de Lisboa, agora na Ordem Cartusiana, cuja alegria de vida na entrega total a Deus e ao silêncio orante me marcará para sempre.
sábado, 2 de outubro de 2010
«O pequeno grupo dos Capinhas»
No tempo dos meus avós o normal era que um casal tivesse entre oito e doze filhos. No tempo dos meus pais, a média era de 3 a 8 filhos. No tempo em que eu nasci, a média era de 2 a 4 filhos, começando já a haver alguns filhos únicos. Hoje, na loucura, tem-se um filho.
Entre outras várias consequências, inclusive para a própria economia nacional, uma delas é o fim do que eu chamaria de "forma portuguesa" de dar os nomes. Se há menos de cem anos ainda era comum dar-se apenas um nome próprio às pessoas, pouco depois se impôs a tal forma portuguesa de dar os nomes, ficando a criança com o(s) seu(s) próprio(s) nome(s), depois o último apelido da mãe e por fim o último apelido do pai [ilustro com o meu próprio nome: André João (próprios) Pereira (da mãe) Capinha (do pai)]. Isto nunca foi problema enquanto as pessoas tinham muitos filhos, pois sempre haveria alguém para conservar todos os apelidos (dos mais "comuns" aos mais "incomuns" [como o meu...]). De resto, sempre se tinham presentes as excepções à regra, como quando dois apelidos juntos podiam dar mau resultado (Coelho Leitão, Capelo Rego, Caspa Cabeleira), ou quando o pai, no ímpeto do festejo pelo nascimento de um rebento ficasse ébrio e ouvisse "o primeiro apelido da mãe e o primeiro do pai" em vez de "primeiro o da mãe e depois o do pai".
O problema começa a dar-se quando as pessoas começam a ter menos filhos (a bem dizer nenhuns). Aí, alguns paladinos da conservação dos seus apelidos "incomuns" começam a sentir necessidade de ultrapassar a tal forma portuguesa de dar os nomes para conseguir tal empresa! E é isto que se passa na minha família, da parte do meu pai. Tendo os senhores meus avós tido quatro filhos, dos quais dois varões, sendo que um deles não procriou, resta a um a conservação, de acordo com a "forma portuguesa", do apelido. Depois, esse varão (o meu pai) teve dois filhos homens, a quem cabe a legítima conservação do apelido, ainda de acordo com a mesma "forma portuguesa" de dar os nomes.
Mas há quem se esqueça disso e tenha o íntimo desejo de dar aos seus filhos o apelido Capinha, passando por cima das restantes pessoas envolvidas (sim, que o outro lado da família, seja Gomes, Santos, Nunes, Almeida, o que fôr, também pode querer perpetuar o seu nome, ou não?)...
Não fico propriamente chateado ou ciumento, mas é coisa que me irrita passar-se por cima destas coisas tipicamente portuguesas. Por deixarmos perder a nossa identidade nestas pequenas coisas vamos acabar por perdê-la nas grandes. Não é por acaso que Nosso Senhor dizia que quem é fiel no pouco também o é no muito!
Agora uma pequena mensagem às próprias crianças que andam a ser "encapinhadas":
Quando vos disserem que "quem tem capa sempre escapa", quando vos pedirem para dizer o vosso nome e depois do apelido disserem "O quê?", quando tiverem de soletrar à americana "C-A-P-I-N-H-A", quando tiverem de explicar que Capinha não é com "K" como o artista dos D'Arrasar e que não, não são dos Capinhas do Alentejo, nem dos açoreanos, e que são mais ou menos dos das Caldas e dos do Salgueiro, aí agradeçam aos vossos pais. Diz alguém que é Capinha porque assim tinha de ser...
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
A revolta
So, come on and call me superficial,
like the sun does to the sea:
I’m here for the wine and some other time,
I’ll solve the world’s greatest mysteries.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Os verdadeiros homens da luta
Acerca do tema sugiro este artigo de Paulo Tulhas no i.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
(Boa) Poesia na (!?) música
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Plano de acção para uma segunda-feira feliz
Só há um modo verdadeiro de rezar:
estende o teu corpo ao longo do barco
que desce silencioso o canal
e deixa que as folhas mortas dos bosques
te cubram
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Praxe
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Muito mais que futebol
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Nova tese
Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma só vez, a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago e, a seguir, a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como a um aborto. (1 Cor 15, 3-8)
Ninguém se engane a si mesmo: se algum de entre vós se julga sábio à maneira deste mundo, torne-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus. (1 Cor 3, 18-19)
Por isso me comprazo nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte. (2 Cor 12, 10)
Oxalá pudésseis suportar um pouco de insensatez da minha parte! Mas, de certo, ma suportareis. (2 Cor 11, 1)
O que vou dizer, não o digo segundo o Senhor, mas como num assomo de insensatez, certo de que tenho motivos para me gloriar. (2 Cor 11, 17)
Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. (1 Cor 9, 22)
Regresso às aulas
Como dizia num dos meus posts em férias, este é um dia feliz para o hipotético leitor apreciador deste blog, visto que com o reinício de aulas volto a ter mais actividade intelectual, muito decorrente da actividade académica [que, ao hipotético leitor que deve andar agora a praxar os colegas mais novos, informo que é pensar, ler e estudar, e não beber copos, fazer sexo pré-marital e humilhar durante um mês os recém-colegas de faculdade/curso]. Eventualmente será um dia triste para o hipotético leitor não apreciador deste blog, uma vez que, tendo o blog mais actividade, essa hipotética pessoa chatear-se-á mais com este gajo que diz mal do Sócrates, do Figo, do Carlos Cús, do Benfica, e que, heresia das heresias, diz bem da Igreja e, quando fala dos autores da FlorCaveira [os de inspiração cristã, bem entendido], não diz que «eles têm fé mas eu até gosto».
Para mim, este é um dia com bastante sono...
Para este novo ano lectivo, prometo que o hipotético leitor do blog poderá acompanhar de perto o processo de nascimento e desenvolvimento da minha tese de conclusão de mestrado, que andará, penso, à volta da Ética das Bem-Aventuranças (de facto, amanhã [hoje] reunirei pela primeira vez com o orientador, arriscando-me a ouvir queixas por não ter, durante as vacaciones, encontrado um qualquer critério de restrição para este tema que, ao momento actual, é bastante vasto e impossível de trabalhar... Mas mantenho confiança na bondade do estimado orientador, que será (grato estou a Deus) José Tolentino Mendonça).
Mantendo a íntima ligação deste blog com a poesia, e mesmo sendo um poema que nada tem a ver com o tema do post, partilho este escrito de Adília Lopes, desejando a todos um feliz ano lectivo!
Quando encostam
ou abrem
o portão
do pátio do Duarte
na minha rua sossegada
à tarde
é como se os músicos
afinassem os instrumentos
antes do concerto.
Adília Lopes, Caderno, & etc 2007.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Mê rico Portugal
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Audio-fim de férias
Ah, e, dúvidas houvesse, este disco esclarece qualquer uma delas: a banda do Reininho mete os senhores das guitarras gamadas num bolso. Dos pequenos.
sábado, 4 de setembro de 2010
Actualização de projectos de férias
A 50% do fim dos livros que me propus ler (no mínimo) nestas férias, digo que se a vida é um poema contínuo, como proclama este blog, socorrendo-se das palavras de Herberto Helder, ela é continuamente feita de poemas, de leituras.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
Verdade
- A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde está, afinal, a verdade?
O pescador deu de ombros e disse:
- A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal quer violência e sexo, não histórias de pescador».
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Marco Chagas
Vejo ciclismo pelo interesse que tenho no desporto em si (na parte técnica e táctica) e não apenas para ver as paisagens mostradas pelos helicópteros... E ver ciclismo na televisão portuguesa tem um grande ponto de interesse: está lá o melhor comentador desportivo português (sim, desisti do tal post de crítica gratuita ao idolatrado Freitas Lobo, substituindo-o por este...)!
Marco Chagas junta tudo aquilo que o apreciador do desporto em questão quer ouvir:
1. Foi praticante da modalidade, por isso sabe o que custa andar em cima da bicicleta, sabe o que pensam os ciclistas e não inventa estados de alma que eles possam ter. Ademais, ele não foi um ciclista qualquer (o seu recorde de quatro vitórias na Volta só agora foi igualado pelo galego David Blanco), por isso sabe o que é atacar na hora da vitória, perceber quando já se ganhou ou ainda se pode perder.
2. Domina bastante bem a parte táctica e técnica do desporto e sabe expô-la aos telespectadores numa linguagem que estes entendem, sem pretensiosismos e até pondo a dose certa de humor à mistura (gosto sempre de ouvir os termos coloquiais com que os ciclistas exprimem certas realidades da técnica ou da táctica do desporto).
3. É um verdadeiro profundo conhecedor da modalidade. Conhece os resultados da maioria das corridas velocipédicas mundiais, nota-se que é um estudioso do ciclismo, aparece sempre com o trabalho de casa feito (ciclistas e equipas sem ligação a Portugal [sobretudo quando comenta o Tour] são rapidamente identificados e são-nos dadas informações que não são de um leigo ou de quem está a inventar). Muito importante: engana-se tantas vezes no nome do ciclista que está a ser filmado num programa de várias horas como um relatador ou comentador de futebol se enganam no nome de quem tem a bola em cinco minutos (o que, tendo em conta que não se joga futebol de capacete, óculos e luvas, é obra!).
4. Correu na equipa do Sporting e ganhou muitos títulos com a camisola verde e branca vestida (eheheh)!
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Haroldo de Campos - excerto de Galáxias
e aqui me meço quando se vive sob a espécie da viagem o que importa
não é a viagem mas o começo da por isso meço por isso começo escrever
mil páginas escrever milumapáginas para acabar com a escritura para
começar com a escritura para acabarcomeçar com a escritura por isso
recomeço por isso arremeço por isso teço escrever sobre escrever é
o futuro do escrever sobrescrevo sobrescravo em milumanoites miluma-
páginas ou uma página em uma noite que é o mesmo noites e páginas
mesmam ensimesmam onde o fim é o comêço onde escrever sobre o escrever
é não escrever sobre não escrever e por isso começo descomeço pelo
descomêço desconheço e me teço um livro onde tudo seja fortuito e
forçoso um livro onde tudo seja não esteja um umbigodomundolivro
um umbigodolivromundo um livro de viagem onde a viagem seja o livro
o ser do livro é a viagem por isso começo pois a viagem é o comêço
e volto e revolto pois na volta recomeço reconheço remeço um livro
é o conteúdo do livro e cada página de um livro é o conteúdo do livro
e cada linha de uma página e cada palavra de uma linha é o conteúdo
da palavra da linha da página do livro um livro ensaia o livro
todo livro é um livro de ensaio de ensaios do livro por isso o fim-
comêço começa e fina recomeça e refina e se afina o fim no funil do
comêço afunila o comêço no fuzil do fim no fim do fim recomeça o
recomêço refina o refino do fum e onde fina começa e se apressa e
regressa e retece há milumaestórias na mínima unha de estória por
isso não conto por isso não canto por isso a nãoestória me desconta
ou me descanta o avesso da estória que pode ser escória que pode
ser cárie que pode ser estória tudo depende da hora tudo depende
da glória tudo depende de embora e nada e néris e reles e nemnada
de nada e nures de néris de reles de ralo de raro e nacos de necas
e nanjas de nullus e nures de nenhures e nesgas de nulla res e
nenhumzinho de nemnada nunca pode ser tudo pode ser todo pode ser total
tudossomado todo somassuma de tudo suma somatória do assomo do assombro
e aqui me meço e começo e me projeto eco do comêço eco do eco de um
começo em eco no soco de um comêço em eco no oco de um soco
no osso e aqui ou além ou aquém ou láacolá ou em toda parte ou em
nenhuma parte ou mais além ou menos aquém ou mais adiante ou menos atrás
ou avante ou paravante ou à ré ou a raso ou a rés começo re começo
rés começo raso começo que a unha-de-fome da estória não me come
não me consome não me doma não me redoma pois no osso do comêço só
conheço o osso o osso buço do comêço a bossa do comêço onde é viagem
onde a viagem é maravilha de tornaviagem é tornassol viagem de maravilha
onde a migalha a maravilha a apara é maravilha é vanilla é vigília
é cintila de centelha é favilha de fábula é lumínula de nada e descanto
a fábula e desconto as fadas e conto as favas pois começo a fala
Arnóia
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos XX
"Para ler aos noviços"
Deus não aparece no poema
apenas escutamos a sua voz de cinza
e assistimos sem compreender
a escuras perícias
A vida reclama inventários e detalhes
não a oiças
quando inutilmente perscruta as sequências do seu trânsito
Só há um modo verdadeiro de rezar:
estende o teu corpo ao longo do barco
que desce silencioso o canal
e deixa que as folhas mortas dos bosques
te cubram
José Tolentino Mendonça, O Viajante sem sono, Lisboa: Assírio & Alvim 2009.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
sábado, 7 de agosto de 2010
Suas camisolas berrantes
(não, infelizmente ainda não podem perder os dois na Supertaça... Ao menos que empatassem...)
Futebol - nova época
terça-feira, 3 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Sugestão de vídeo para férias
Música (breve)
Férias
No entanto, mesmo em tempo de férias faço-me acompanhar de alguns livros que gostaria de partilhar com o (hipotético) leitor:
- CLEMENTE, D. Manuel; FERNANDES, José Manuel, Diálogo em tempo de escombros, Lisboa, Pedra da Lua 2010.
- DIREITINHO, José Riço, Breviário das Más Inclinações, Lisboa, Círculo de Leitores 1997.
- LEPRINCE-RINGUET, Louis, "Fé de Físico!" - o testamento de um cientista, Coimbra, Gráfica de Coimbra 1998.
- VERÍSSIMO, Luís Fernando, As mentiras que os homens contam, Lisboa, Dom Quixote 2002.
Se tiver tempo para isso, lerei ainda qualquer coisa de António Lobo Antunes e quiçá, relerei valter hugo mãe. Espero poder ir dando notícias mais regularmente.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Não ser o n.º 1
sexta-feira, 23 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
Desporto em Portugal
O facto é que nas duas últimas semanas fomos campeões europeus de rugby sevens e ganhámos a Liga Europeia de voleibol (curiosamente a final foi contra a Espanha...); houve um português que ganhou a prova açoreana do IRC (rallye); temos finalmente um português (Frederico Gil) consolidado entre os 100 melhores tenistas do mundo (embora o ranking ATP seja um tanto ridículo e isto rapidamente possa deixar de ser verdade); Sérgio Paulinho, demasiados anos depois do último português, ganhou uma etapa no Tour de France. Felizmente, poderia dar muitos outros exemplos.
A questão que aqui deixo é bastante simples: para quando, da parte do país como um todo, o realce mediático e a aposta séria nestes desportos em que ganhamos mesmo? E aqui sublinho o papel das televisões (deixem de dar imagens de anos já bem idos quando há estas vitórias, deixem de dar imagens de rugby de 15 quando a vitória é nos sevens, deixem de dar mais destaque às eventuais contratações do Sporting e ao catarro dos jogadores do Benfica quando há portugueses a ganhar estas coisas...), das rádios (sobretudo nos programas desportivos podiam dar mais destaque aos outros desportos) e, sobretudo, dos jornais desportivos (que se deviam, de uma vez por todas, assumir como jornais especificamente especializados em futebol e pronto! É triste que a vitória de Paulinho ocupe meia capa do Público e apenas um cantinho das capas dos desportivos [se é que houve chamada de capa nos três jornais]).
Mas o tempo é de esperança, e se mais ninguém dá o destaque aos outros desportos, dou-o eu! Se mais ninguém se alegra por termos neste momento a trabalhar na selecção de rugby aquele que deve ser o melhor seleccionador português de qualquer modalidade (Tomaz Morais), por termos como seleccionador de voleibol o melhor treinador de sempre da modalidade (Juan Diaz), etc., etc., alegro-me eu!