blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 20 de maio de 2011

E-mail filosófico

As edições 70 enviaram-me um e-mail informando dos seus livros sobre ou de Paul Ricoeur (que é senhor que prezo, e até é homem para aparecer citado na minha tese!). A plataforma de e-mail do sapo pergunta-me se quero pôr Paul Ricoeur no lixo, e depois se o quero apagar... E não é que eu quis [apagar o e-mail com o reclame]?!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pobre tolo também eu sou

breve elogio da idiotice e da condição de hommo viator

O pobre tolo, sozinho no meio da ponte
(a de São Gonçalo ou outra qualquer,
quem sabe a velha ponte dos Ingleses agora submergida),
peregrina para si mesmo (lek-leka!).

É longa essa peregrinação,
tanto quanto a vida,
e nela se caminha
vestindo as roupas do idiota clássico:
o manto que descobre as partes púbicas,
e que é feito de farrapos,
o cajado com que lhe batem na cabeça,
os pés descalços,
a cabeça careca.

Dentro de si mesmo, quando lá chegar, se lá chegar,
há-de descobrir, como Agostinho, um Outro:
interior intimo meo et superior summo meo!
A viagem ao centro de mim mesmo é eterna,
e lá estás Tu a esperar por mim,
fora do espaço-tempo onde, condenado, passo os meus dias.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Idiota (de novo e cada vez mais)

Ao trabalhar sobre um tema como o do Idiota em São Paulo, vou descobrindo cada vez mais coisas novas. Que este tema influenciou muito mais a cultura da Europa Oriental que a da Ocidental (basta olhar para O Idiota, de Dostoiévski, para o filme Andrei Rubliov, de Tarkovsky, para a Sagrada Liturgia Ortodoxa), que ainda há muito caminho a fazer para sermos idiotas como o Senhor quer - porque outra descoberta é a de que Jesus nos quer idiotas!
É o tempo de voltarmos a ser como os idiotas do teatro grego. Na sua aparente fragilidade, na sua comicidade, eram capazes de surpreender e ir ao mais fundo que é possível (aquele que Santo Agostinho chamaria interior intimo meum). Na sua aparente loucura, iam onde os outros perderam a coragem de ir. Os idiotas andavam em busca da verdade e não em busca da razão, da lógica por si mesma e como fim.
Se não formos idiotas não combateremos o bom combate da fé.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Haverá terramotos no céu?

Quando o violento terramoto de 1755 sacudiu a cidade de Lisboa não foram apenas os alicerces dos edifícios a sofrerem com o abalo. Tremeram também os fundamentos do optimismo que então animava a cultura europeia.
Naquele dia foi posto em causa que este fosse «o melhor dos mundos possíveis» (G. W. Leibniz), como logo o fez notar Voltaire, iluminista e crítico corrosivo do catolicismo. A natureza, enfim, como que resolvera intervir no debate sobre a bondade de Deus perante a existência do mal. Como era possível que Deus permitisse semelhante catástrofe? Onde estava Deus naquele «dia de Todos os Santos»?
Tanto tempo volvido, a questão, como todas as grandes questões, regressa com viva acuidade. No Japão uma série de catástrofes, de contornos quase mitológicos – sucessivos terramotos, tsunami, crise nuclear –, faz-nos perguntar de novo por Deus. Pelo menos fê-lo a uma criança japonesa de apenas sete anos: Elena. Com a sabedoria própria dos pequenos – aquela de que fala Jesus (cf. Mt 11, 25) –, Elena pede ao Papa, ou como ela diz «o homem que fala com Deus», que lhe explique por que morreram meninos como ela, por que se sente triste e com medo, por que não pode mais brincar no parque.
Certamente sem o saber, Elena apenas devolveu a Bento XVI as perguntas que ele próprio levantou aquando da sua visita ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau: «Quantas perguntas surgem neste lugar! Sobressai sempre de novo a pergunta: Onde estava Deus naqueles dias? Por que Ele se silenciou?» (28/5/2006). De novo a questão de Deus perante o mal. De novo provocada por um outro terramoto: o terramoto civilizacional da segunda grande guerra.
O que os sucessivos e diferentes terramotos da vida nos ensinam é que eles não abalam somente a terra em que habitamos. Abalam igualmente o modo como colocamos no céu o nosso olhar e a nossa esperança. Para alguns, quando esse chão parece fugir, o «ateísmo de protesto» parece a única saída. Para outros, como as gerações de crentes sobreviventes da grande guerra, são a própria experiência e imagem de Deus que se depuram. No coração desse terramoto, prisioneiro de um campo de concentração onde viria a conhecer a morte, o teólogo e pastor evangélico D. Bonhoeffer declarava que «só um Deus que sofre pode ajudar-nos». E respondendo a Elena, também o Papa reconhece que «não temos respostas, mas sabemos que Jesus sofreu como vós, inocentes». Deus e o sofrimento inocente não serão, então, realidades que necessariamente se oponham. Em Cristo, ao invés, reconciliam-se definitivamente. Percebê-lo não é o produto de um elaborado raciocínio, nem parece compatível com discursos sofisticados. Brota sim da experiência de quem encontra Deus mesmo onde encontrá-l’O é humanamente um paradoxo. E aí (re)conhece-se um Deus diferente. Um Deus que se deixa abalar com os terramotos do nosso próprio viver. E que o faz a tal ponto, que quase se poderia perguntar se haverá também terramotos no céu.
Pe. Alexandre Palma (Voz da Verdade, 8.V.2011)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Talvez burquinabês

Uma sondagem realizada pela Universidade Católica para o Diário de Notícias revela que o PS regista 36% das intenções de voto e ultrapassa o PSD (34%). O Partido Socialista sobe nas intenções de voto, em relação a Abril, cujo valor era de 33%. Uma notícia destas só revela a premência da minha mudança para um país mais civilizado, onde haja menos Sócrates (basta umzinho a menos!). A minha escolha, apenas e só pela forma como soa o nome, é o Burkina-Faso. Que, de resto, já tem uma bandeira parecida com a lusitana...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Actualidade internacional



O falecimento de Bin Laden é, para mim, uma boa notícia (mesmo não sendo propriamente uma notícia alegre - uma morte, e mais, um assassinato, nunca pode ser uma notícia alegre. Digo que se trata de uma boa notícia porque é um mal menor, o concluir de um processo de anos e anos de guerras e conflitos que, infelizmente, não vão parar por aqui [sugiro, sobre o tema, a visita a este blog]). Partilho da e a opinião do Vaticano sobre o ocorrido. Lembro-vos também este vídeo, que ainda que um pouco a despropósito, se refere ao tema Bin Laden. Particular atenção ao segundo quatro e seguintes!

Lembrete


Quando chover: chapéu de chuva, kispo, ficar em casa. Se fores para a rua desprevenido podes adoecer...