blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Adília Lopes

S. João da Cruz

Mesmo que pudesse
dizer tudo
não podia dizer tudo
e é bom assim

Deus é a nossa mulher-a-dias

Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a vida
porque achamos
que não presta

Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a fé
porque achamos
que é pirosa

O tempo é sagrado

O tempo
é sagrado

O tempo
é templo

Ficar à escuta

Ficar
à escuta

À escuta
do silêncio

Nota 4

Se tu amas por causa da beleza, então não me ames!
Ama o Sol que tem cabelos doirados!

Se tu amas por causa da juventude, então não me ames!
Ama a Primavera que fica nova todos os anos!

Se tu amas por causa dos tesouros, então não me ames!
Ama a Mulher do Mar: ela tem muitas pérolas claras!

Se tu amas por causa da inteligência, então não me
ames!
Ama Isaac Newton: ele escreveu os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural!

Mas se tu amas por causa do amor, então sim, ama-me!
Ama-me sempre: amo-te para sempre!

Sur la croix

Sur la croix
on gémit
et on prie

***

Dia
sem poesia
não é dia
é noite escura

Mas a poesia
é noite escura

***

“Dois Poemas sobre a minha Rua”

Quando encostam

ou abrem

o portão

do pátio do Duarte

na minha rua sossegada

à tarde

é como se os músicos

afinassem os instrumentos

antes do concerto.


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