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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

"Para ler aos noviços"

Deus não aparece no poema

apenas escutamos a sua voz de cinza

e assistimos sem compreender

a escuras perícias


A vida reclama inventários e detalhes

não a oiças

quando inutilmente perscruta as sequências do seu trânsito


Só há um modo verdadeiro de rezar:

estende o teu corpo ao longo do barco

que desce silencioso o canal

e deixa que as folhas mortas dos bosques

te cubram


José Tolentino Mendonça, O Viajante sem sono, Lisboa: Assírio & Alvim 2009.

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