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quarta-feira, 12 de maio de 2010

«Apascenta as minhas ovelhas»


Ontem, pela primeira vez na minha vida, encontrei-me pessoalmente com o Papa. Não propriamente cara a cara, não com a proximidade que muitos desejariam (talvez que também eu desejasse, apesar de não gostar de multidões e mediatismos - ontem reparei que até ter de cumprimentar muita gente, e por isso parecer que sou "conhecido", me faz impressão; além disso, de facto, não me incluí no grupo organizado dos jovens porque não me apetecia ir-me enfiar na "rua da Betesga" em que se tornou a frente da Nunciatura...), mas não deixou de ser um encontro pessoal, e dos encontros pessoais que mais diz à minha vida.
Ontem percebi como mais do que estar diante de apenas um homem (por quem, talvez porque me parece que em muitas coisas temos afinidades, sempre nutri simpatia - não sou alheio ao facto de que globalmente as pessoas não gosta(va)m nem do Cardeal Ratiznger nem de Bento XVI, e que eu tenho ainda muitas vezes a mania de ser do contra, se é que me entendem...) estava diante da Igreja toda e da sua história. Estava diante do homem a quem o próprio Jesus perguntou «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?», uma e outra vez, e que lhe respondeu sempre - por fim já entre a irritação e a loucura... - «Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu te amo». Estive diante do homem a quem foi confiada a tarefa de apascentar o rebanho de Jesus (Jo 21, 16-17), de confirmar os irmãos na fé - coisa que, ao chegar a Portugal, o próprio afirmou vir cá fazer -, de afirmar a fé com certeza (cf. Mt 16, 16).
Marcar-me-ão para sempre as palavras que ouvi directamente da sua boca num Terreiro do Paço muito mais à pinha do que eu estava à espera - «Sabemos que não lhe faltam filhos insubmissos e até rebeldes, mas é nos Santos que a Igreja reconhece os seus traços característicos e, precisamente neles, saboreia a sua alegria mais profunda. Irmana-os, a todos, a vontade de encarnar na sua existência o Evangelho, sob o impulso do eterno animador do Povo de Deus que é o Espírito Santo. Fixando os seus Santos, esta Igreja local concluiu justamente que a prioridade pastoral hoje é fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspectiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política» (homilia toda aqui) -, a afirmação inequívoca (esta lida e não ouvida) de que os Descobrimentos foram, antes de mais, um projecto de fé, e não uma estupidez que acabou por correr bem (que só pode vir de um homem de coragem) [encontram esta afirmação em várias das declarações do Papa, mas refiro-me à feita aqui] e um sorriso e um brilho no olhar totalmente desarmantes, que nunca esquecerei.
De facto, esta visita poderá não ter grandes efeitos práticos para muitas das pessoas. Eu gostava que tivesse, ao menos para os cristãos, o dom de os fazer perceber que no Papa estão dois mil anos de história, que o Papa é Pedro, que o Papa ama Jesus mais do que todos, que o Papa apascenta o rebanho do Senhor, e que isso, mais do que uma simpatia ou empatia humanas, é o mais importante. Este é o que Deus me dá, por meio do Seu Espírito Santo, para conduzir a Sua Igreja. E é por ele que quero ser conduzido!

Para acompanhar todas as intervenções do Papa sem interpretações jornalísticas (quase) sempre marcadas por uma ignorância atroz, o melhor é fazê-lo aqui.

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