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sábado, 13 de março de 2010

Andrei Rublev

Se tenho algum gosto pela arte oriental dos ícones, isso deve-se sobretudo à figura e à arte de Andrei Rublev (Андре́й Рублёв, em bom cirílico). Conheci este homem, por intermédio do Padre João Eleutério, meu caríssimo professor de Catequese Fundamental, através de um filme de Andrei Tarkovski (não serei indiferente ao facto de os três termos o mesmo nome, com o mesmo significado: homem), e desde logo me impressionou não só a beleza da sua arte (não serão indiferentes a ninguém os ícones do Salvador ou da Santíssima Trindade, este sendo como que uma continuação da obra de Teófanes, seu mestre) como a sua história, que é sobretudo de busca do rosto de Deus e da beleza que Ele é.
Foi um homem que passou discreto, pouco se sabe da sua vida, mas que, percebemo-lo pela sua arte, tinha uma profunda vida de oração, de intimidade com o Senhor.
Bastantes vezes penso, também, se a história de Rublev não seria semelhante à do peregrino russo, aquele que rezava a oração de Jesus: Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim! Também a leitura de Relatos de um peregrino russo ao seu pai espiritual (Prior Velho, Paulinas 2007, 334 p.) me mostra a radicalidade destes homens no seguimento de Cristo, na busca de um despojamento efectivamente total que os configure com o Mestre.

Que sempre nos seja dada a graça de poder rezar através das obras de Rublev, e que sempre haja artistas cristãos que, como ele, pela sua arte nos conduzam à vida dos sacramentos. Quem contempla com verdade o Salvador, ou sobretudo a Trindade de Rublev, não pode não ter vontade de se reunir com a comunidade na Eucaristia, de se aproximar do perdão e da vida de caridade.
Quando a arte não é um meio para viver os sacramentos, então ela não é verdadeiramente cristã.

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