Era impossível deixar passar em claro o dia de um dos meus Santos favoritos, São João da Cruz. Lembro-o nos múltiplos sentidos em que é para nós exemplo: santidade, claro, radicalidade de vida, qualidade poética. É notável a quantidade de pessoas que foram influenciadas por este homem do longínquo século XVI, como Hans Urs von Balthasar ou Adília Lopes. É interessantíssimo como muitas das intuições teológicas que se desenvolvem no século XX são já as de João da Cruz. É fenomenal a visão que este Santo tinha da fé, num tempo em que não se compreende que ela possa ser também tempo de silêncio de Deus, de noite espiritual, de radical solidão e abandono.
Precisamos hoje como nunca de voltar aos textos de São João da Cruz (até para compreender outros mais actuais, como a autobiografia de Madre Teresa de Calcutá), ainda por cima quando as suas Obras Completas estão traduzidas para português e se encontram a um preço relativamente acessível.
Porque São João da Cruz é o padroeiro dos poetas, partilho hoje este poema de Maurice Bellet, que pode bem ter como fundo a espiritualidade do Santo de hoje.
Edificar o poema de Deus
É construir a imagem de Deus para a apagar,
Apagá-la para conhecer Deus.
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