blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O rapaz que não sabia andar de metro sozinho

Havia um rapaz que não sabia andar de metro sozinho. Invariavelmente, apanhava o comboio na direcção errada. O problema não estava numa incapacidade de leitura, visto que ele lia bem e até sabia uma ou outra língua estrangeira. Parecia antes uma espécie de bloqueio, uma espécie de atracção pelo abismo, que ouvi uma vez ser marca distintiva dos que se tornam adultos.
Tomar o comboio errado nem sequer era o maior dos problemas, mas apenas uma parte. O maior problema é que porque aconteceu uma e outra vez enganar-se, o rapaz deixou pura e simplesmente de andar de metro. O medo do erro apagou-lhe a capacidade de arriscar. O medo do risco tirou-lhe a possibilidade da esperança de mudança. E é isso que mata tudo. Porque o próximo comboio, pode trazer lá apenas a solidão mas pode sempre trazer lá dentro ainda uma réstia do amor, e isso vale uma vida.

Sem comentários:

Enviar um comentário