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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O homem que usava sapatos de mulher

As crises podem sempre criar situações que nos causam espanto. As interiores e as exteriores. A provar isto mesmo - e como a tão falada crise financeira não é de agora, veio-me hoje à memória a imagem de um senhor que usava sapatos de mulher, na gare de autocarros de Leiria.
As crises vêm-nos lembrar a necessidade de sermos ousados e criativos, fazem-nos ir mais longe. Lembro-me que o senhor com sapatos de mulher não estava sozinho, estava entre outros homens conversando com normalidade. No entanto, não teve medo do ridículo, não teve medo de arriscar, precisou de encontrar uma solução para o seu problema. Olhar para ele fez-me lembrar como os portugueses são, de facto, desenrascados: para um problema (andar descalço) uma rápida solução (usar sapatos de mulher, já que uma vez que se produzem mais os preços são mais baixos).
O desafio que o homem que usa sapatos de mulher me deixa é o de saber ser assim desenrascado nas crises interiores. O homem obriga-me a perder a vergonha e a arriscar, positivamente. O homem obriga-me a pensar que se soubermos, como povo, ser desenrascados na resolução das nossas crises interiores constantes (precisamos de aprender que as crises podem ser - e são - uma coisa positiva) teremos menos crises exteriores.

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