blogue de poesia e teologia.

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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

os velhos não querem morrer

nestes tempos de distância,
das distâncias que criamos
entre a carne que nos constitui
porque estamos tão perto,
separados por só um ecrã,
por só um teclado,
por só uma escrita inteligente
às vezes tão burra,
por só mais uma promessa
feita de forma tão vã
porque saem baratas todas
as promessas por cumprir,
é normal que seja mais fácil
saber da morte daquela prima
que agora estava depositada num asilo
do que da vizinha do lado
que teve um avc no meio da rua
e veio o inem e a guarda republicana
e até o padre que já não a tempo
para o viático
e da família ninguém para lhe dar a mão,
ninguém para chorar e dizer adeus,
talvez à noite um adeus virtual
e as lágrimas de quem lê

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