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quinta-feira, 9 de maio de 2013

tirar essas coisas das nossas cabeças

dá-me sono quando os ateus «há por aí um intermediário de deus que me esclareça» e desligo quando a mulher altiva «não me confesso porque o padre tem mais pecados do que eu, não me confesso porque o padre não se confessa». ainda estou longe de ser um santo antónio, talvez esteja mais perto de ter a ubiquidade do que de ter a fortaleza suficiente para conseguir pregar aos peixes e dizer-lhes não seja estúpida minha senhora os padres também se confessam. ela na paragem do autocarro «há que tempos que não te via» acho piada a mulheres pequeninas, ela no carro hoje sem apitar a acenar e a rir como sempre acho piada a mulheres pequeninas, tu no metro um olhar nada dois olhares talvez três olhares de certeza és maluca acho piada a mulheres pequeninas. católicos anónimos num livro em alemão, católicos não-praticantes na boca do povo, na boca do corpo, e os católicos onde estão? os que não ficam com sono quando o ateu blá blá blá e a mulher altiva blá blá blá e a velha na mercearia do bairro «os padres deviam casar o meu ernesto junto há três anos muito boa mocinha casar para quê?». já me é muito difícil ser desses, ninguém disse que ia ser fácil, Jesus na cruz, paulo na prisão, eu sete escolas e a boca a doer-me por sorrir demais. uma solidão a abrir-me os olhos para o que ninguém vê e uma memória que me trai por ser boa demais há seis anos e tal um estendal de ferro nos chineses dezoito euros e meio ninguém mos pagou, ainda se lembram? sessenta contos em gasolina do bolso de um colega, ainda se lembram? já não me lembrava mas tens razão. amigos perdidos no mundo e eu sozinho em transportes cheios de gente os meus colegas todos de carro nenhum sheik que me diga filho aqui vão seis biliões não sejas a vergonha da família compra ao menos um volkswagen em segunda mão e uma casa na linha de cascais onde a recebas com carne de porco à portuguesa, ninguém faz melhor do que tu, carros a apitar, achas piada a mulheres pequeninas. a cama à noite e eu sozinho ao menos descanso de ver e de pensar, tirem-me essas coisas das vossas cabeças e as mãos a fazer um gesto de corninhos.

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