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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Uma moral pequenina

Apesar de não estar de acordo com as conclusões de Nietzsche, não deixo de concordar com ele quando afirma que o progresso humano dos últimos séculos não se fez acompanhar de um progresso moral. Aliás, há algum tempo venho pensando nisto (a isso não será alheia a partilha, aqui no blog, deste texto de João César das Neves), embora o expresse noutros termos: se é certo que a moral social evoluiu muito nos últimos tempos (em particular as implicações morais ligadas à saúde pública e ao ambiente), a moral pessoal não tem acompanhado essa evolução.
É hoje normalíssimo mudar de cônjuge quatro ou cinco vezes (mais do que ser normal, a mim chama-me a atenção que seja bem aceite, sempre que a favor do interesse individual) mas muito mal visto mandar lixo para o chão [não quero com isto defender que seja correcto mandar lixo para o chão!]. Apesar dos tempos de crise e, principalmente, de fortes mutações socioeconómicas na nossa sociedade, ainda há muitos que acreditam num emprego para sempre; a quantidade de jovens que decidem viver juntos, em vez de assumir o compromisso do casamento [que deve ser religioso apenas quando há fé, não propriamente pela beleza da festa...], não indiciará que já não se acredita no amor para sempre? Um adúltero é mais bem visto que um fumador, a homossexualidade torna-se, hoje, mais bem aceite que o celibato...
Não me achando dono da verdade absoluta, partilho aqui apenas algumas coisas que me chamam mais a atenção, pois acho difícil a construção de uma sociedade mais justa, digna e fraterna num quadro onde se admite que cada um pode fazer o que lhe apetece, e a satisfação dos apetites de cada um é o primeiro direito. Precisamos de construir uma sociedade alicerçada em valores - que, filosoficamente falando, são perenes - e não em sentimentos que, como sentimos, são efémeros...

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