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sexta-feira, 26 de junho de 2015

despertar

acordava no meio da noite
com a sensação de ter ouvido
um grito lancinante de dor
que era tão estranho
quanto a solidão constante da casa.
percorria os quartos vazios do paço
em busca de um sinal qualquer,
de vestígios de uma presença,
de marcas físicas
que o som pudesse deixar.
a verdade é que nunca encontrei,
sentei-me na cama fria
do quarto dos fundos
e abri em pranto profundo.
pois é, ainda hoje acordo
com os gritos horríveis
que o meu avô
me passou em testamento.
uma herança de merda.

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