blogue de poesia e teologia.

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

flumen, fluminis

o rio da minha aldeia
nunca secou
já provocou inundações
já deu nas notícias
mas ninguém dá nada por ele
mesmo que digam
que lá passaram barcos
a caminho da índia
e outros lugares longínquos
onde já não importa ir
a não ser para passar férias
ou ver pobrezinhos
passar férias a ver pobrezinhos
eu também não dou muito
pelo rio da minha aldeia
que não é uma aldeia
é uma vila a minha aldeia
já dei mais por ele
quando ia sozinho
por estradas romanas
e antigos caminhos do bosque
à procura de companhia
para a minha solidão
que não me larga
se ainda dou alguma coisa
pelo rio da minha aldeia
é por isso
rio da minha aldeia
és companheiro do meu
silêncio

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