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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

terceira casa em ruínas

i

tento ver o mundo
a partir de uma janela da casa
mas não dá
uma trave caiu do tecto
e bloqueia a visão

na casa em ruínas
não se vê o mundo
mas vê-se o céu
(é o efeito positivo
dos tectos desabados)

ii

num dos cantos da casa
que talvez tivesse sido uma adega
ou outro lugar de reunião
um depósito pequeno
que me transporta
para o antigo armazém
para o intenso cheiro a vinho
para uma certa escuridão
papéis de facturas de garrafões de vinho especial
o chão sempre húmido e mal lavado
bombas de puxar água e funis

hoje o armazém também está em ruínas
ainda não lhe caiu o tecto
mas às vezes vê-se lá o céu
(ou outro lugar da minha infância
quando ainda havia
quem me pegasse pela mão
e me levasse a fazer coisas)

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