blogue de poesia e teologia.

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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

sol na montanha

sento-me ao vento junto das antenas e contemplo o mundo. daqui vê-se o tejo e o atlântico que nos leva para longe e as lezírias e as várzeas e os pomares. daqui vê-se a alma dos homens que recebem notícias que saem destas antenas. as antenas transformam o monte em mundo, as antenas cumprem o desejo de Jesus e fazem o monte mexer-se para dentro dos camiões e dos carros e das casas. daqui vê-se aquelas casinhas onde pessoas têm máquinas que mostram onde andam os aparelhos que o meu avô via quando olhava para o céu e dizia serem os aviões da tropa. aqui passeiam os espíritos dos monges brancos e negros que permanecem entre as ruínas do antigo retiro do mundo. aqui se lembram os carros de bois e os burros albardadados que levavam gelo aos reis. aqui se lembram as vitórias solitárias dos que vencem o monte em cima de duas rodas incentivados por mensagens escritas a cal. aqui me lembro que te devia trazer cá para comigo veres o mundo, não para to oferecer, como o diabo, mas para te lembrares sempre que há uma beleza que salva e que podemos fazer parte disso. aqui estou eu, só eu, o vento - sempre o vento - e, hoje, o sol a brilhar.

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