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quarta-feira, 9 de março de 2011

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Quarenta anos, quarenta dias. Inicia hoje o Tempo da Quaresma. Marco isso mesmo aqui no blog. Sem me querer adiantar muito em discursos teológicos (sugiro que se leiam as mensagens do Papa e do Patriarca de Lisboa para a Quaresma deste ano) realço apenas a importância da linguagem simbólica.
A Quaresma ocupa os quarenta dias que antecedem as festas pascais. Estes quarenta dias são sinal de dois acontecimentos ligados ao número quarenta (um deles já remete para o outro): os quarenta anos que o povo demorou a retornar do Egipto e os quarenta dias de Jesus no deserto.
O primeiro acontecimento é, já ele, de ordem simbólica, pelo menos se olharmos ao texto de Mateus (2, 13-15), quando este afirma que Jesus terá permanecido algum tempo no Egipto (levando em conta que Jesus morreu e ressuscitou aos trinta e três anos anos, concluímos que a viagem entre o Egipto e Israel não demoraria quarenta anos...). Os quarenta anos de viagem (Ex 13, 17 - Js 4) mostram que para ser discípulo é preciso tempo, e são um relato do que é a vida de fé: alegrias, tristezas, confiança, desconfiança, abandono, companhia, solidão, comunidade. Os quarenta anos de caminho são anos de construção de uma comunidade fiel ao Senhor, de uma comunidade crente que seja verdadeiramente digna de entrar na Terra que Deus promete ao Seu Povo.
Os quarenta dias de Jesus no deserto (Mt 4, 1-11) são já sinal da caminhada do Povo de Israel pelo deserto, ao mesmo tempo que servem para Ele rezar confirmando e fortalecendo a Sua missão - disso falam as tentações que Satanás lhe faz.
Os nossos quarenta dias de Quaresma surgem, por isso, como síntese destes acontecimentos: são tempo de nos fortalecermos como comunidade de discípulos, de rezarmos e de fortalecermos a nossa missão e de nos prepararmos para entrar na verdadeira Terra da Promessa, a Páscoa de Jesus, essa que matou a morte e nos dá a possibilidade de viver sem fim.

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