
Da parte dos colegas professores é, principalmente, fonte de questões. Muitos são os pedidos de esclarecimentos, desejos de conversas que os horários de uns e outros fazem com que nunca aconteçam, as dúvidas acerca do que andará ele a fazer nesse espaço de mistério que é a EMRC.
Da parte dos alunos é alvo de uma espécie de carinho especial que não se explica. Se o "stôr" «não é o nosso psicólogo» não deixa de, muitas vezes, cumprir essa função. «O "stôr" é o mais fixe que nós temos», mesmo que depois não haja razão nenhuma aparente para isso. Não raras vezes, o quorum que assiste às aulas à janela é maior que o que se encontra dentro da sala.
De facto, as aulas de EMRC tornam-se muitas vezes espaço de dizer o que não se diz noutros espaços da escola... Falar da família (dos pais e dos padrastos e das mães e de tudo e da miséria a que isto chegou, na família...) e da escola antiga de que se gostava muito, e dos colegas que gozam com eles, e de tudo. Também de falar na Bíblia, e de uma perspectiva cristã do mundo.
A realidade é que o sistema de ensino actual ensina a criar razoáveis cientistas para as ciências naturais, alguns profissionais competentes, mas percebo-o inimigo do pensamento próprio, da capacidade de uma síntese própria do estudo feito. É o tempo do copy/paste. O lugar do teólogo é ajudar a pensar com o olhar da fé. Levantar questões, chamar a atenção, batalhar nos valores, dar instrumentos de investigação.
Mas, entre os colegas professores e os alunos, o lugar do teólogo na escola é o mesmo que deve ser o do cristão em todo o lado: ser pergunta, ser estranho, diferente, incómodo (no bom sentido do termo). E ser ainda aberto a todos, e responder à pergunta que é, e fazer novas perguntas, em busca de que todos se tornem eles mesmos perguntas. Porque só a interrogação nos permite fazer caminho.
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