blogue de poesia e teologia.

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quinta-feira, 11 de julho de 2019

a inquietação

já vi morrer um homem.
assisti impotente a tudo
do lado de lá da janela grande
de um autocarro
com destino ao colégio militar.
as mãos nervosas contra a janela,
como se pudesse ajudar,
e depois a mão esquerda
rumo ao bolso esquerdo
para te dizer que estava a ver morrer um homem,
e o coração a desistir de to dizer
porque sei que és sensível a essas coisas
e sofres muito com as dores do mundo.
pensei ligar à minha mãe
e gritar por ajuda,
mas o telefone tocava e ninguém do outro lado.
fiquei para ali deixado
com dores horríveis no peito
e uma convicção profunda a crescer
de que o que me falta
é descobrir um verso
que nos pacifique da inevitabilidade do fim
de tudo isto

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