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terça-feira, 17 de abril de 2012

"forever" is dead

quando acabaste comigo, disseste-me que era porque não acreditavas num amor para sempre, nem que o nosso amor pudesse ser sempre tão bom como na altura era. até hoje continuei a pensar nisso, pelo menos sempre que pensava em ti. afinal, deixaste a nossa pequena vila e fugiste para a grande cidade à procura de um emprego que durasse mais de seis meses, e eu pensei que lá ias tu em busca de um emprego para sempre. noutro dia, liguei a televisão num daqueles canais de notícias e lá ias tu de cartaz na mão à frente de uma daquelas manifestações que agora estão na moda. no teu cartaz, li que estás indignada porque o estado pode ter de acabar com as pensões de reforma. eu soltei um riso irónico, porque pensei que também achas que as reformas deviam ser para sempre. na internet, procurei o teu nome e descobri que andavas a debater em fóruns ambientais sobre o fim do petróleo, que achas que ainda vamos a tempo de evitar - para ti, até o petróleo devia ser para sempre. foi nesse momento, em frente ao meu computador, que decidi desistir de ti. a única coisa que para ti não é para sempre é a mesma que para mim não consegue deixar de ser. nesse instante, percebi que tinha de mudar o objecto da minha afeição, porque seria certamente capaz de viver num mundo sem petróleo e sem reformas e sem empregos mas não ia aguentar nem um minuto num mundo sem amor, e amor para sempre. levantei-me e fui à janela ver casais de velhos a passar lá fora. são, enfim, os únicos que ainda acreditam no mesmo que eu.

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