Num tempo que é, para tanta gente, de penitência forçada, de sacrifícios impostos pela economia, hoje punha-me a pensar no sentido que tem a penitência quaresmal que hoje começa a ser proposta aos cristãos. Afinal, não são já tantos os sacrifícios que temos de fazer? Não é já tanto o que temos de deixar de comer? Não são tantas as coisas exteriores supérfluas que já tivemos de deixar?
A minha resposta, sinceramente, é não. Porque essas coisas deixámo-las por imposições exteriores. Os sacrifícios da Quaresma fazêmo-los por imposições interiores, para que o exterior diga do que vai dentro de nós. Faz sentido jejuar e fazer abstinência porque só assim Deus cresce e eu diminuo. Até é também verdade que assim muitas vezes me apercebo que eu, que penso que até faço grandes sacrifícios e poupo muito, na verdade tenho mais, bem mais, que muita gente. Percebo que ainda preciso de me limpar de muita tralha. E isso é bom. Como proposta para este início de Quaresma, deixo uma versão musical do De profundis, uma boa oração para a Quaresma, e depois o dito Salmo em português (fica ainda, aqui, o link para o texto original do Salmo).
- 1Cântico das peregrinações.
- Do fundo do abismo clamo a ti, SENHOR!
- 2Senhor, ouve a minha prece!
- Estejam teus ouvidos atentos
- à voz da minha súplica!
- 3Se tiveres em conta os nossos pecados,
- Senhor, quem poderá resistir?
- 4Mas em ti encontramos o perdão;
- por isso te fazes respeitar.
- 5Eu espero no SENHOR! Sim, espero!
- A minha alma confia na sua palavra.
- 6A minha alma volta-se para o Senhor,
- mais do que a sentinela para a aurora.
- Mais do que a sentinela espera pela aurora,
- 7Israel espera pelo SENHOR;
- porque nele há misericórdia
- e com Ele é abundante a redenção.
- 8Ele há-de livrar Israel
- de todos os seus pecados.
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