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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Meditação existencial

«Tornámo-nos, até ao presente, como o esterco do mundo e a escória do universo» (1 Cor 4, 13). Esta é a minha meditação quaresmal (no sentido de um desejo de humilhação que ponha Deus no seu lugar e a mim no meu), a minha meditação existencial, porque sei que serei feliz assim, como foram Paulo de Tarso e Francisco de Assis, e uma meditação para este momento concreto da minha vida, pois ao cabo de muitas reuniões de coisas sérias em escolas percebo que um professor também já não é nada mais que isto, que esterco do mundo, que um idiota [1 Cor 4, 10] (com a agravante de que a maioria não o é, nem quer ser, día tòn Christón), que uma pessoa que causa «escândalo para os judeus e idiotice para os gregos» (1 Cor 1, 23), mesmo num tempo em que já não se sabe quem são uns e outros e em que todos são desculpados, porque é a sociedade que é assim - somos livres e cada um deve fazer o que lhe dá na real gana; depois medem-se as consequências - e porque a psicologia explica e desculpa tudo - na verdade somos todos doentes. Depois pedem-me para ensinar valores, como se eu transformasse pedras em pão. Pedem-me para ensinar valores, pensando que eu ensino valores pouco elevados, como os deles. Mas o que eu quero ensinar são só valores elevados, valores a sério, como estes: «Queiram ser o esterco do mundo e a escória do universo».

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