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terça-feira, 20 de abril de 2010

Cultura (popular) portuguesa

Depois do post acerca do Agrupamento Musical Lauro Palma, gostaria de partilhar algumas ideias sobre a cultura portuguesa (aproveito também para falar acerca do programa Achas que sabes dançar?, já que queria fazê-lo), pois foi nesse sentido que escrevi a dita entrada do blog. Quando disse que os Lauro Palma são a verdadeira nova música popular portuguesa, em contraponto com uma série de outros grupos, foi porque são os que pegam, sobretudo, na chamada música pimba, que é, na minha opinião, a verdadeira música popular portuguesa.
Podíamos dizer que a música popular portuguesa é o fado ou o folclore, mas na verdade é o pimba. De facto, o fado é especificamente português, e é tradicional, mas não é o estilo que mais colhe a aceitação do povo. Qualquer disco de Tony Carreira ou, num outro registo, dos D'zrt ou de qualquer outro projecto saído dos Morangos com Açúcar (que insiro no contexto da cultura pimba, das telenovelas) vende mais que os discos de fado. Arrisco-me a dizer que, nas várias plataformas (CD, k7, DVD, até no download pirata) Ágata e Emanuel terão vendido, nos últimos 20 anos, mais do que Amália Rodrigues. De facto (e mesmo admitindo estar redondamente enganado - e gostava de estar), o povo - no qual me incluo, não sou nenhum iluminado nem o suprasumo da cultura - tem dificuldade em distinguir a boa da má música, os bons dos maus intérpretes...

É neste contexto que deixo a minha opinião sobre o novo concurso da sic Achas que sabes dançar?. Tenho dificuldade em entender a pertinência de um concurso deste tipo sobre dança, porque, de facto, se temos dificuldade em distinguir a boa da má música, o bom do mau cinema, o bom do mau teatro (e digo-o não só porque a maioria não gosta do mesmo que eu mas sobretudo porque, de facto, temos pouca formação que nos permita distinguir a boa da má arte (refiro-me sobretudo à parte técnica, é-nos difícil distinguir um bom dum mau guitarrista ou contrabaixista, um bom dum mau realizador, etc.), fazendo a nossa avaliação com base no gosto pessoal, que, muitas vezes mal formado, não tem todas as condições para fazer uma correcta avaliação), não temos quase nenhum conhecimento sobre dança para distinguir um bom dum mau dançarino, pelo menos no sentido em que um jurí especializado (como o escolhido para o concurso) o consegue. Assim, não teremos um novo bom dançarino, mas um dançarino de que as pessoas gostem - o que é, quanto a mim infelizmente - bem pior...

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