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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

são joão da ribeira, mil novecentos e trinta e três

regras básicas para perpetuar um poeta:
ouvir o último disco do manuel fúria
com headphones e repetir dez vezes
aqueles versos sobre a saudade plena da alegria;
ler aquele grande rio eufrates de uma assentada
frente ao tejo numa tarde de sol;
recordar o toque do sino da aldeia
e as brincadeiras frente à torre mourisca,
mesmo sem ter vivido essas experiências;
chamar uma mulher para dançar comigo
e para se sentar aqui mesmo, à beira do poema,
conter o medo de que a mulher não venha
e me deixe a experimentar a solidão dos vencidos;
passear com a família na feira de rio maior,
comparar os preços das cebolas
e parar frente ao pavilhão grande
a ler os versos que lhe ocupam a escadaria
pensando na sorte de nascer depois da guerra;
fazer de cada palavra uma espada afiada
para o combate entre os militantes da beleza
e os que a querem destruir.

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