blogue de poesia e teologia.

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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

trazia um livro na mão

andava quase sempre a pé
pelas ruas esconsas da cidade
e contava as distâncias em cigarros

(estou a um volume de tabaco de ti
às vezes estou a três ou quatro cigarros de ti
e é tanto
às vezes estou num cigarro contigo
e parece que continuamos tão longe)

viajava com um livro na mão
esse artefacto tão inútil
não era uma enxada nem um revólver nove milímetros
não dá para fazer nada com um livro

as pessoas vinham à janela e diziam
vai ali um homem
com um livro na mão,
anda ver

se isto é um homem
não quero ser assim

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