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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

não presto para despedidas

Aos colegas do ex-Agrupamento de Escolas Prof. Noronha Feio

O Senhor disse a Abrão:
«Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar.» (Gn 12, 1)

não que isto seja bem uma despedida, afinal não vou morrer nem mudar para outro país nem para um sítio tão longínquo onde nunca nos voltemos a ver, mas é algo que sinto a obrigação de escrever. passei dois anos da minha vida a trabalhar nas vossas escolas, os meus dois primeiros anos de trabalho como professor. sou hoje uma pessoa profundamente grata, porque aprendi aí mais do que ensinei (quando, afinal, a missão de um professor é ensinar...). aprendi muito do que há a aprender sobre o funcionamento de uma escola (aquelas coisas de papéis e terminologias próprias e leis e coisas que nos chateiam). aprendi muito sobre muita gente e sobre as relações entre as pessoas. fiz amigos. ri, brinquei, chateei-me, às vezes, nunca me zanguei a sério, ouvi e falei - enfim, vivi, e que outra coisa se pode fazer durante dois anos?
vai custar mudar de local de trabalho, sim, vai custar, e não muito por causa das escolas em si (dos edifícios), que essas eram, cada uma das seis em que trabalhei, bem diferentes e, diga-se de passagem, nada de especial em termos arquitectónicos ou até em termos do que deve ser o espaço de uma escola como a idealizamos. vai custar mudar de lugar de trabalho por causa das pessoas. porque já tinha criado relações com pessoas. porque apesar da minha inutilidade geral, da minha timidez, da minha falta de capacidades especiais, daquelas que fazem os homens que se destacam, fiz amizades. vai-me custar mudar de local de trabalho por tua causa (de ti que estás a ler isto agora). mas a vida é peregrinação, e vou dar azo à minha condição de peregrino, enquanto vocês vão receber alguém novo, decerto melhor professor do que eu. os dois anos que aí passei foram sempre de serviço, que quem não vive para servir não serve para viver, e é em serviço que vou embora agora. com a graça do bom Deus a disciplina cresceu no agrupamento, muito à conta dos mais pequeninos, e precisa agora de alguém melhor e mais bem preparado do que eu.
obrigado por tudo. abraços aos senhores e beijinhos às senhoras. lembrem-se de mim. lembrem-se de mim quando estiverem no paraíso. ok?

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