blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nobel da Literatura 2011

Deixa-me bastante satisfeito que o Nobel da Literatura deste ano seja um poeta. No caso, Tomas Tranströmer, sueco, de oitenta anos. Dele, deixo o poema Efter någons död, no original (escrito e lido) e em versão portuguesa de Carlos Vaz Marques, a partir da tradução inglesa de Robert Bly e de uma versão francesa anónima, disponível no youtube.

Efter Någons Död
 
Det var en gång en chock
som lämnade efter sig en lång, blek, skimrande kometsvans.
Den hyser oss. Den gör TV—bilderna suddiga.
Den avsätter sig som kalla droppar på luftledningarna.

Man kan fortfarande hasa fram på skidor i vintersolen
mellan dungar där fjolårslöven hänger kvar.
De liknar blad rivna ur gamla telefonkataloger—
abonnenternas namn uppslukade av kölden.

Det är fortfarande skönt att känna sitt hjärta bulta.
Men ofta känns skuggan verkligare än kroppen.
Samurajen ser obetydlig ut
bredvid sin rustning av svarta drakfjäll.

DEPOIS DA MORTE DE ALGUÉM

Foi um choque
seguido de um cometa que deixa atrás de si uma cauda imensa e cintilante.
Obriga a que nos recolhamos. Desfoca as imagens da tv.
Deposita as suas frias gotas nos cabos telefónicos.

Podemos continuar a esquiar ao sol de inverno
por entre árvores ainda com alguma folhagem.
Parecem páginas arrancadas a um velha lista telefónica.
Os nomes engolidos pelo frio.

Continua a ser belo sentir-lhes o coração a bater
embora a sombra tantas vezes se mostre mais real do que o corpo.
O samurai parece insignificante
ao lado da sua majestosa armadura.

Sem comentários:

Enviar um comentário