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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Uma moeda em Sarepta

Saí à rua, naquele dia
- era o tempo da fome, ainda te lembras? -,
passeando uma moeda,
a última moeda,
por entre os dedos,
dentro do bolso direito.
Encontrei-te a meio da viagem,
quando me pediste um café.
Era o tempo da fome,
a última moeda,
eras o meu amor.
Paguei-te um café
em troca do meu amor,
dei-te tudo o que tinha.
Naquele beijo
frente à escadaria do mercado
a certeza de que iria sobreviver
(nunca to disse mas com aquela moeda
iria comprar cigarros avulso
que fumaria antes de esperar,
vagaroso, que viesse a morte).

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