blogue de poesia e teologia.

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domingo, 20 de julho de 2014

transporte

às vezes à noite
quando saio do trabalho
ponho-me a olhar
para os calos das minhas mãos
deixa marcas
o trabalho do campo
sobretudo quando começa
tão cedo
tinha oito anos só oito anos
a primeira vez que larguei sementes
e passei o dia a cheirar pó da terra
quando olho os calos das minhas mãos
espreito também as outras marcas
que ficaram por trabalhar desde tão cedo
os meus filhos é que sofrem com isso
«cada acto meu como pai
transporta a minha infância»

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