blogue de poesia e teologia.

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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

o regresso

da incerteza dos verões
que se vai tornando,
ano após ano,
a certeza dos adeus não desejados
(que eles nunca cheguem)
vem mais um discurso de regresso

"eu, fulano de tal, de volta mais uma vez"     [volvitur orbis]

os Benvindos bem-vindos
e os que acolhem
não sei bem porquê
e os que não aparecem a dizer
"devias era ir morrer longe"
e me deixam a pensar
que a unanimidade é uma doença
que cresce e faz crescer a angústia
em mim

o caminho do regresso faz-se de
alcatrão
e terra
e pedras
e borracha
e assentos forrados de pele
e assentos forrados de napa
e assentos forrados de um pano de que não sei o nome
e assentos de plástico forrado de um pano de que não sei o nome
e música
e cartões
e dinheiro na mão
e pés
e nervos
e desejo de reencontros normais
e desejos de reencontros com que não se sabe lidar
e de sono que não há e devia haver
e de vergonha

o caminho de regresso faço-o eu,
como Córdula,
na solidão do meu coração
porque é lá que vos encontro

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