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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

um pedido: eclesiofilia

Nasci a dezasseis de Outubro de mil novecentos e oitenta e seis, filho de uma catequista e do sacristão de uma comunidade cristã, casados canonicamente e já pais de um rapaz baptizado. Assim que as condições climatéricas o permitiram, os meus pais começaram a levar-me, ainda na alcofa, à missa dominical. Passados alguns meses, na Páscoa, celebrada no dia dezanove de Abril de mil novecentos e oitenta e sete, recebi o Baptismo. A partir daí, fora alguns períodos em que estive hospitalizado, nunca faltei à missa e sempre me aproximei dos sacramentos que estava em condições de receber (Eucaristia, Reconciliação, Crisma).
Durante cinco anos, a partir do dia sete de Setembro de dois mil e três, fui seminarista diocesano do Patriarcado de Lisboa e, nesse período, passem todas as minhas limitações, sempre vivi com seriedade os meus compromissos para com essa comunidade (os de oração, fidelidade e os meus votos privados de celibato).
Quando saí do Seminário, no dia vinte e cinco de Julho de dois mil e oito, decidi continuar os estudos teológicos e foi assim que, no final de Setembro de dois mil e dez comecei a dar aulas de Educação Moral e Religiosa Católica.
Esta minha biografia breve serve para explicar que desde sempre a Igreja Católica faz parte da minha vida e que sempre me descobri a dar a cara por ela (fosse quando, em pequeno, era gozado por ser o filho do sacristão e por ir à catequese e à missa seja, desde os tempos do Seminário, quando a minha ligação ao que consideram a "cúpula" da Igreja e os meus estudos teológicos são ocasião de inquietações e perguntas). Sempre dei a cara pela Igreja sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia, muitas vezes em ambientes onde muitos clérigos não o conseguiriam fazer (e não estou a falar da evangelização de bordéis ou discotecas, que nem sequer frequento, mas de lugares hoje tão descristianizados como as escolas ou as casas da maioria dos portugueses).
É por isso que escrevo este texto a pedir, só, um bocadinho de respeito. Por mim e por tantos que dão a cara pela Igreja em ambientes hostis. Por nós que já não sabemos como defender mais um grupo de gente autofágica. Por nós que, não houvesse Cristo, que não pode ser mudado e sobre o qual não há segredos escondidos, já não tínhamos argumentos. Por nós que, a bem do Evangelho, andamos a passar por pedófilos e aldrabões.
Isto que vos peço, a cada um dos cristãos que me lê e, em particular, àqueles que têm uma missão de maior responsabilidade na Igreja, faço-o como uma última homenagem ao pontificado de Bento XVI. Não me esqueço das suas palavras na missa que antecedeu o Conclave em que havia de ser eleito. Não me esqueço das suas palavras durante a sua visita a Portugal, quando disse que os piores ataques à Igreja vêm de dentro e não do exterior. Não me esqueço que ele falou na necessidade de varrer, de uma vez para sempre, esse lixo da Igreja de Jesus. E não me esqueço que, se lhe estamos mesmo gratos, lhe devemos a obrigação de levar isso a sério. Por ele e por todos os que dão testemunho de Cristo na vida secular e já começam a ficar sem resposta a tanta notícia de jornal, a tanta denúncia de encobrimento e de má gestão do pessoal.
Precisamos de ter verdade prática para anunciar, de obras de verdade que consubstanciem a Verdade que anunciamos. Não há fé sem obras nem obras sem fé. Mostrem a vossa fé nas obras, é tudo o que vos peço, para que nós, que vivemos do anúncio do Evangelho, possamos mostrar que as obras daqueles a quem anunciamos só podem melhorar se lá for posta a fé.

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