breve elogio da idiotice e da condição de hommo viator
O pobre tolo, sozinho no meio da ponte
(a de São Gonçalo ou outra qualquer,
quem sabe a velha ponte dos Ingleses agora submergida),
peregrina para si mesmo (lek-leka!).
É longa essa peregrinação,
tanto quanto a vida,
e nela se caminha
vestindo as roupas do idiota clássico:
o manto que descobre as partes púbicas,
e que é feito de farrapos,
o cajado com que lhe batem na cabeça,
os pés descalços,
a cabeça careca.
Dentro de si mesmo, quando lá chegar, se lá chegar,
há-de descobrir, como Agostinho, um Outro:
interior intimo meo et superior summo meo!
A viagem ao centro de mim mesmo é eterna,
e lá estás Tu a esperar por mim,
fora do espaço-tempo onde, condenado, passo os meus dias.
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