blogue de poesia e teologia.

aqui não se escreve segundo o acordo ortográfico de mil novecentos e noventa.

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

o baile é uma máquina para construir o mundo

a sala de aula da telescola abandonada
é ampla o suficiente 
para que dances sozinho
um disco inteiro dos paralamas
à espera de um par,
sempre à espera de um par
que traga uma outra canção 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

sapatos brancos

eram os últimos dias.
um homem punha-se de pé,
em cima de um banco de cozinha,
na praça central da cidade,
a anunciar, megafone em punho,
a iminência do fim do mundo
e que precisavamos de perdoar
por uma última vez,
amar por uma última vez,
beijar as pessoas amadas
por uma última vez.
o povo estacava frente ao homem
e todos esses apelos pareciam estranhos,
os olhos das pessoas fixavam-se
no seu impecável fato azul
e nos seus sapatos brancos,
uns sapatos brancos que não condiziam
com a roupa

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

como um ruído de um avião a romper a noite

ao cair da noite
segurava um vaso de frésias
com as duas mãos
para sentir a terra e as cores
do caule das flores
que me lembram os teus olhos
e de um modo estranho me acalmam
dos sons nocturnos:
carros acelerados na estrada em frente,
aviões que rompem os céus,
uma coruja a descer em direcção à presa

domingo, 9 de fevereiro de 2025

parlatório



uma cadeira para lá da rede,
lugar de espera justa
para o guardador de gado
ou lugar de castigo,
antes dizia-se pedagógico, 
para os loucos que ainda habitam
este lugar