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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

o amor é bandeira de paz

o cantor era levado em ombros
por entre a multidão que enchia o circo voador,
como sempre eu reservava um lugar
encostado à parede do fundo
para chorar por ti
e lembrar aquela tarde, nós, no SESC Pompeia,
já nem me lembro qual era a banda,
passámos a noite de mãos dadas
e a tua cabeça descansava no meu peito,
às vezes ainda toco no meu peito
para que doa mais a tua ausência,
às vezes assisto a vídeos de covers em casas de banho
porque o eco das casas de banho ajuda ao som
e porque detestavas covers em casas de banho
e imaginar o teu ódio é estranhamente bom,
choro ao fundo da sala porque já nem me lembro
por que razão partiste, na verdade não chegaste bem a partir,
o mais estranho é isso, as pessoas agora não se despedem,
não «adeus», não «até logo», não «até ao próximo concerto desta banda na cidade tal»
só um «obrigada e beijinhos» e nunca mais uma palavra,
já lá vão cinco meses que aqui fui deixado 
ao fundo da vida sem saber se espere por ti

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