Costel, romeno, afagador de soalhos. O meu patrão, também dono de uma sex shop, distribui catálogos da loja aos clientes enquanto descarrego as máquinas da carrinha e vai à cartola de vinho da casa molhar o bico, sempre mais de um copo de vinte centilitros, enquanto estou no meio do pó das madeiras ou a polir o chão. De vez em quando o meu patrão vem ter comigo e grita «tu é burro, tu é nhurro», sempre com os érres muito enrolados, como se o meu mal fosse ser atrasado mental e não apenas vir de um país estrangeiro. Uma vez perguntaram-me se era médico, engenheiro, quem sabe músico ou artista plástico, aqui todos os emigrantes do Leste são médicos ou engenheiros ou professores de qualquer coisa, e eu era apenas tratador de cavalos. Tenho saudades dos cavalos muitas vezes, não gritavam comigo sem razão.
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