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quarta-feira, 3 de maio de 2017

ensaio sobre a luz

Para o Manuel

era uma cegueira qualquer, isto,
uma vida feita na noite,
a esta hora custa menos
pensar na vida e ver que
em quarenta e dois anos
não tenho nada a que me agarrar,
uma mulher emprego filhos
um cão uma casa gado de criação
um quintal onde guardar o meu opel
uma companhia que me ouça chorar,
isto, está escuro, antes assim,
disfarça a minha tristeza,
não é bem tristeza, isto,
é uma solidão qualquer e dói,
dói muito e choro sozinho a noite toda.
quando os primeiros raios de sol
rasgam por entre os buraquinhos do estore
sento-me na cama e, apesar de tudo,
isto, sorrio. há-de haver um futuro qualquer,
uma luz, um dia iluminado,
para um pobre sozinho como eu.

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