entrei na sapataria do bairro
à procura de umas botas novas
que aguentassem as águas
e o frio do inverno
(está calor, agora,
e já ninguém se rala com isso)
depois de procurar que chegue
e torcer o nariz aos preços
o sapateiro a topar-me
«tenho ali umas botas
mesmo para si»
como se um dos artesãos
fosse Deus
e pensasse apenas em mim
e no conforto dos meus pés.
umas botas de ir à fazenda,
a precisar de ser ensebadas,
realmente a minha cara.
dê as voltas que der
não consigo fugir à terra.
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