in memoriam + José Policarpo (1936-2014)
uma palavra que assusta: morte
uma palavra que se troca por outras tantas vezes
como se omiti-la apagasse o que ela representa
há-que pegar os bois pelos cornos
no dia em que morre alguém
que faz parte de ti, que és tu,
de uma forma que só agora entendes
as mãos que eram do teu avô
e a cor de uma pele que o sol gastou
e a forma como se sentava
e as palavras que dizia e não escrevia
e o sorriso tão natural
às vezes, risos desbragados,
o pecado mortal social dos cigarros
uma gestão brilhante dos silêncios
há uma cerveja que fica agora por beber
já ficou há muito tempo
agora não interessam
as palavras não ditas
uma palavra que dá sentido: ressurreição
devíamos usá-la sempre, em todas as frases.
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