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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sûr la folie

Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.
 E serás feliz por eles não terem com que te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos
(Lc 14, 13)


No banco de trás do automóvel, a louca acenava às pessoas que viajavam, serenas, no autocarro. Ria-se e dizia adeus. Tinha de ser rápida, para os pais no banco da frente não perceberem que era louca. Tens de ser bonita, filha, e comportares-te segundo as normas da sociedade. És muito bonita e já não és nenhuma criança para te pores com essas coisas. Mas a louca, uns metros à frente, voltava a rir-se, bonita do alto dos seus cerca de vinte anos, e a dizer adeus. Rápido, antes que os pais vissem. Não nos envergonhes! A louca, ainda que contida pela pressão social, alegrou o meu início de dia, eu que era um dos que ia no autocarro e dei por mim a sorrir de volta (não resisto a mulheres bonitas) e a dizer adeus. Dei por mim também louco e a pensar em Paulo de Tarso. Por causa de Cristo somos idiotas (1 Cor 4, 10), Fiz-me fraco com os fracos (1 Cor 9, 22). O Reino dos Céus é para os loucos. Há um Deus para os loucos e há um Deus para mim. E há um banquete para todos nós, lá onde já não se abrem blocos de reportagem com notícias sobre impostos.

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