eram os últimos dias.
um homem punha-se de pé,
em cima de um banco de cozinha,
na praça central da cidade,
a anunciar, megafone em punho,
a iminência do fim do mundo
e que precisavamos de perdoar
por uma última vez,
amar por uma última vez,
beijar as pessoas amadas
por uma última vez.
o povo estacava frente ao homem
e todos esses apelos pareciam estranhos,
os olhos das pessoas fixavam-se
no seu impecável fato azul
e nos seus sapatos brancos,
uns sapatos brancos que não condiziam
com a roupa